COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DA
BAIXADA SANTISTA
UNIDADE
DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS NO. 7
UGRHI
7
PLANO DE BACIA
DA BAIXADA SANTISTA
1o Relatório Técnico
Parcial
ÍNDICE
1.-
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 3
2.- ORIENTAÇÕES GERAIS
4
3.- METODOLOGIA E
DESENVOLVIMENTO DOS TRABALHOS 4
4.- ATIVIDADES
PROGRAMADAS 5
5.- 1A OFICINA DE TRABALHO 5
6.-
SÍNTESE DAS CONCLUSÕES DO rELATÓRIO ‘0’ 6
7.- ANÁLISE DOS TEMAS OBJETO DE DISCUSSÃO E DE
FORMULAÇÃO DE PROPOSTAS NA 1A OFICINA 8
8.-
ANÁLISE DOS TEMAS ESPECÍFICOS 10
9.- ANÁLISE DA ABORDAGEM GERAL 16
10.- PROPOSTAS DE ENCAMINHAMENTO 17
1.-
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O
Plano de Bacia, mencionado na Lei Estadual no. 7.663/91, em seu
Artigo 29, Parágrafo 1o
Inciso I, é um instrumento de planejamento dinâmico, numa visão de
curto, médio e longo prazo, definido nos diversos cenários possíveis, de forma
a permitir uma gestão compartilhada do uso integrado dos recursos hídricos
superficiais e subterrâneos.
Elaborado,
ou atualizado, quadrienalmente, deve basear-se no diagnóstico da bacia,
definindo diretrizes gerais visando ao desenvolvimento local e regional, e às
metas para se atingir índices progressivos de recuperação, preservação e
conservação dos recursos hídricos da bacia hidrográfica, com especial ênfase às
áreas críticas identificadas no Relatório “0”. Considera e compatibiliza os
programas setoriais e demais instrumentos de gestão. Propõe prioridades de
ações, escalonadas no espaço e no tempo, com as respectivas avaliações de
custos, de forma a propor o modelo de gerenciamento integrado dos recursos
hídricos da bacia, sob a ótica do desenvolvimento sustentável.
Conforme
preceitua a Lei Estadual 7.663/91, o Comitê da Bacia Hidrográfica da Baixada
Santista – CBH-BS foi instalado em 9 de dezembro de
1.995, com a competência estabelecida em estatuto, de gerenciar os recursos
hídricos da bacia, objetivando à sua recuperação, preservação e conservação.
O
chamado Relatório “0”, que estabelece o diagnóstico da situação dos recursos
hídricos na bacia hidrográfica, foi elaborado, atendendo ao texto do Plano
Estadual de Recursos Hídricos 1996/1999, aprovado pelo Conselho Estadual de
Recursos Hídricos, em 11 de dezembro de 1995.
Com
base no Relatório “0”, o CBH-BS decidiu-se pela elaboração do correspondente
Plano de Bacia, instrumento básico e indispensável para a adequada gestão
integrada dos recursos hídricos da bacia. O Plano levará em consideração a
realidade da UGRHI 7, tomando por base as metas e prioridades constantes do PL
05/96, em seus anexos V1 a V21.
São
objetivos gerais do Plano de Bacia:
·
definir as diretrizes
gerais para orientar o desenvolvimento local e regional;
·
definir as metas para
se atingir índices progressivos de recuperação, preservação e conservação dos
recursos hídricos da bacia;
·
estabelecer os
programas e respectivas ações, necessários para que essas metas sejam
atingidas, baseando-se nas áreas críticas identificadas no Relatório “0”.
A elaboração do Plano de Bacia, além de constituir-se numa
exigência institucional, permitirá o correto equacionamento das questões
ambientais na bacia, prevendo a organização jurídico-institucional dos poderes
locais, além da participação e comprometimento das comunidades, fatores
condicionantes do sucesso da implementação das políticas estadual e nacional de
recursos hídricos.
Ressalte-se, ainda, que o Plano de Bacia permitirá o
encaminhamento, para análise e aprovação, de programas e projetos ambientais,
por parte das instituições financeiras.
A elaboração do Plano de Bacia virá consolidar, no âmbito da
Bacia Hidrográfica da Baixada Santista, um processo de gerenciamento das águas,
democrático, descentralizado, compartilhado e sustentável.
2.- ORIENTAÇÕES GERAIS
Considerando as particularidades da Bacia Hidrográfica da Baixada Santista e as orientações básicas contidas no PL 05/96, o Plano de Bacia deverá ser desenvolvido segundo duas abordagens:
Na primeira abordagem serão analisados os planos e projetos existentes e a vocação almejada para a UGRHI, na perspectiva de um desenvolvimento sócio-economico compatível com o uso sustentável dos recursos naturais.
A segunda, compreende o estabelecimento de metas de curto prazo (2000 –2003) e de médio/longo prazos(2004/2010), juntamente com as respectivas atividades, conforme orientações e anexos V1 a V21 do PL 05/96.
3.- METODOLOGIA E
DESENVOLVIMENTO DOS TRABALHOS
O Plano de Bacia será elaborado de forma participativa, contando com a contribuição de integrantes do Comitê da Bacia, juntamente com os representantes de órgãos públicos da região e de entidades da sociedade local.
A fim de otimizar e objetivar as contribuições, serão programadas oficinas e reuniões de trabalho cuja dinâmica será definida progressivamente, em função das experiências acumuladas em cada evento ou atividade realizada.
Os trabalhos serão conduzidos fundamentalmente em três etapas:
a) Primeira - Definição de orientações gerais em relação ao modelo ou padrão de desenvolvimento sócioambiental e, conseqüentemente, a qualidade dos recursos hídricos pretendida para a Bacia.
Esta perspectiva regional será acompanhada, paulatinamente, com uma avaliação dos projetos existentes para a região, especialmente aqueles mais importantes e com repercussão na qualidade e quantidade dos recursos hídricos.
b) Segunda – Estabelecimento de ações e metas de atividades destinadas a atingir índices progressivos de recuperação, preservação e conservação dos recursos hídricos da Bacia, envolvendo os programas e ações para que essas metas sejam alcançadas progressivamente, contemplando as áreas críticas identificadas no Relatório “0”.
c) Terceira – elaboração do relatório final acompanhado de um seminário de apresentação do Plano de Bacia.
4.- ATIVIDADES
PROGRAMADAS
4.1.- Primeira
etapa – oficinas de trabalho
Para esta etapa estão previstas oficinas de trabalho, cujo número será definido paulatinamente, durante o desenvolvimento das discussões, com dinâmicas diferenciadas de modo a alcançar os objetivos almejados.
4.2.- Segunda etapa – reuniões de trabalho com os integrantes da Câmara Técnica e representantes de órgãos públicos ou eventualmente outros convidados, para avaliar as proposições de programas e metas de acordo com as orientações dos anexos V1 ao V21 do PL 05/96.
4.3.- Terceira etapa - Uma reunião com representantes do Comitê para avaliação do relatório final e realização do seminário de apresentação do Plano de Bacia.
5.- 1a
OFICINA DE TRABALHO
A
Oficina de discussão realizada em dezembro de 2000, junto ao Comitê da Baixada
Santista teve por objetivo a discussão e ordenamento de propostas de diretrizes
para um modelo de desenvolvimento sócioambiental dessa Unidade de Gerenciamento
de Recursos Hídricos - UGRHI.
Dela
resultou num conjunto de questões e propostas para a gestão dos recursos
hídricos na bacia, que suscita a necessidade de análise e sistematização, no
sentido de fazê-las confluir para um plano articulado e objetivo, capaz de
apontar para a sustentabilidade, no que se refere ao aproveitamento desses
recursos.
Considerando
que o desenvolvimento sócioambiental constitui objetivo central dessa Oficina,
a análise dos temas e propostas nela apresentadas passa a ser orientada por
essa perspectiva, que inclui, evidentemente, seus quesitos de sustentabilidade.
Desse modo, passa-se também a tecer considerações sobre alguns aspectos
antecedentes e pré-condições para a condução das proposições levantadas.
Para
a análise do caso desta UGRHI, são considerados alguns aspectos gerais da
gestão de recursos hídricos no Estado, além dos da própria Bacia da Baixada
Santista, a seguir destacados.
6.- SÍNTESE DAS
CONCLUSÕES DO RELATÓRIO “0”
O
diagnóstico da situação geral dos recursos hídricos na Bacia detectou a
existência de significativo potencial de recursos naturais e paisagísticos,
ressaltado a seguir:
·
Disponibilidade de recursos hídricos subterrâneos (consumo
atual corresponde a 2% da reserva explotável de água subterrânea na Bacia
Hidrográfica da Baixada Santista, estimada em 15 m³/s).
·
Recursos naturais
relativamente preservados (matas, manguezais, praias) A UGRHI da Baixada
Santista é composta por terrenos com variados sistemas de relevo e
ecossistemas;
·
Parcelas
significativas de áreas sob proteção
legal, destacando-se especialmente o Parque Estadual da Serra do Mar, o
Parque Estadual Xixová-Japuí, a Área de Proteção Ambiental
Cananéia-Iguape-Peruíbe, a Área de Proteção Ambiental Santos - Continente, a
Estação Ecológica Juréia-Itatins, a Área Tombada da Serra do Mar e a Reserva da
Biosfera da Mata Atlântica.
·
Além de destacar-se
pela intensa atividade industrial, a região tem vocação direcionada ao turismo
e ao lazer, com elevada população flutuante, que corresponde a 60% da população
residente.
Esse
potencial ainda remanescente tem sido ameaçado por intensas demandas e
conflitos entre diversos usos desses recursos, além de múltiplas interferências
negativas da ocupação do território e do desenvolvimento de atividades
econômicas, em todos os segmentos do ciclo hidrológico na área de influência da
Baixada Santista.
As
tensões da situação, à qual são submetidos os recursos hídricos, repercutem nos
ecossistemas e alcançam as atividades e os segmentos sociais de forma
diferenciada. As principais fontes de degradação e seus efeitos negativos mais
expressivos identificados nessa UGRHI são os seguintes:
·
as principais
atividades responsáveis pelos processos de degradação ambiental e pelas fontes
poluidoras são as áreas urbanizadas consolidadas e em expansão, os núcleos
industriais, especialmente o complexo industrial de Cubatão e as atividades do
Porto de Santos;
·
as áreas mais
expressivamente degradadas correspondem à vegetação afetada por desmatamento e
por poluição atmosférica; manguezais alterados por diversas atividades; áreas
de lixões, favelas e minerações.
·
Os processos de
degradação se manifestam através de:
·
uso intenso da água e
elevado índice de indústrias poluidoras dos recursos hídricos e do ar;
·
fontes potencialmente
poluidoras e diversas áreas contaminadas por produtos químicos tóxicos
·
processos erosivos e
de assoreamento associados a: desmatamentos intensos com a destruição de
ecossistemas de restinga e manguezais, ocupação inadequada das encostas e da
planície costeira (planícies fluviais, manguezais), implantação de grandes
loteamentos; impermeabilização dos solos; abertura de amplo sistema viário;
implantação de estruturas portuárias e retroportuárias; construção de
estruturas rígidas na linha de costa, modificações na rede de drenagem natural,
uso intensivo de caixas de empréstimo e pedreiras sem a posterior recuperação
ambiental, mineração de areias marinhas pleistocênicas, fluviais e praiais;
dragagens em canais fluviais e de maré e na plataforma continental (canal de
acesso ao porto);
·
sistemas ineficientes
de saneamento básico;
·
acidentes ambientais
em Santos e Cubatão, tendo como causas principais o transporte marítimo e as
indústrias, envolvendo, freqüentemente, líquidos inflamáveis;
·
Situações críticas em
relação aos resíduos sólidos: volume total de lixo urbano produzido chega a
quintuplicar nos períodos de verão e feriados prolongados e nenhum município se
enquadra em condições adequadas quanto à disposição final dos resíduos sólidos.
74% da quantidade gerada de lixo é disposta de forma inadequada e 26% é
disposta de forma apenas controlada.
·
Situações mais
críticas encontradas em relação aos recursos hídricos:
·
disponibilidade
hídrica superficial - demanda de água para uso urbano e industrial atinge 64,7%
da vazão mínima disponível; pior situação: sub-bacias dos rios Cubatão, Mogi,
Jurubatuba e Quilombo, localizadas na região central da bacia;
·
água distribuída não
atende aos padrões de potabilidade da Portaria 36/90, de maneira geral;
·
perdas chegam a 47%
nos municípios de Itanhaém, Mongaguá e Praia Grande;
·
sistemas de esgoto
apresentam índices de atendimento que variam de 0% em Mongaguá a 94% em Santos;
·
elevado grau de
contaminação das águas superficiais, principalmente na região norte;
·
sub-bacias mais
degradadas são as do Rio Cubatão e do Reservatório Capivari-Monos, este último
pertencente à sub-bacia do Rio Branco
·
Reservatório
Capivari-Monos, cujas águas são utilizadas para abastecimento público, também
não atende aos padrões, principalmente no tocante a Oxigênio Dissolvido, Coliformes
Fecais e Fosfato Total.
·
problemas de
toxicidade crônica das águas no Rio Cubatão e no Reservatório Capivari-Monos
·
toxicidade crônica e
aguda no Canal de Fuga e nos Rios Mogi e Piaçaguera
·
sérios conflitos de
qualidade das águas superficiais entre a intensa atividade industrial e o alto
potencial turístico e de lazer
·
as águas litorâneas
apresentam condições de balneabilidade inadequadas para uma região com elevado
potencial turístico - verifica-se um alto nível de contaminação por Coli-Fecal
nos cursos d’água que afluem às praias;
·
Resultados mais
graves na população:
·
agravamento das
condições básicas de saúde na região;
·
mortalidade infantil
superior à média do Estado de São Paulo;
·
mortalidade de
menores de cinco anos, por causas de veiculação hídrica, piorou sensivelmente
em Santos e São Vicente.
A
gravidade, a extensão e o avanço inercial de todos os problemas, relacionados
aos recursos hídricos, que foram causados ao longo do processo histórico de
apropriação econômica do território da Baixada, evidenciam que a avaliação da
efetividade de seu desenvolvimento não tem considerado o desperdício do
potencial dessa região, traduzido pelo seu passivo social, ambiental e
econômico.
De
uma forma geral, os temas selecionados pelos participantes, para discussão e
desenvolvimento na Oficina, com vistas a subsidiar o processo de elaboração do
Plano de Bacia, respondem às principais questões destacadas do Relatório “0”,
direta ou indiretamente.
Os
temas selecionados para o trabalho de grupo foram os seguintes:
1.
Planejamento e gerenciamento dos recursos hídricos;
2.
Aproveitamento múltiplo e controle dos recursos hídricos;
3.
Conservação de recursos hídricos na indústria;
4.
Conservação, proteção e recuperação da qualidade dos recursos hídricos;
5.
Conservação e proteção dos mananciais;
6.
Prevenção e defesa contra inundações;
7.
Prevenção e de defesa contra erosão e assoreamento e
8. Interferência do uso e ocupação do solo na qualidade
dos recursos hídricos.
Os
conteúdos tratados nesses temas podem ser enquadrados em quatro grupos
principais, no que se refere às questões a serem enfrentadas na Unidade de
Gerenciamento de Recursos Hídricos da Baixada Santista:
1.
enfrentamento de efeitos negativos dos aproveitamentos e
interferências já ocasionadas nos
recursos hídricos;
2.
prevenção, controle, proteção e conservação desses recursos;
3.
partilha dos recursos disponíveis entre diferentes usos
4.
criação de condições básicas para viabilizar as propostas
anteriores.
A
esses grupos de conteúdos correspondem as seguintes linhas de proposições para
a UGRHI, respectivamente: a) enfrentamento dos efeitos das inundações, da
erosão, do assoreamento e do comprometimento qualitativo desses recursos; b)
revisão dos procedimentos de aproveitamento e de interferências que têm sido
praticadas, incorporando medidas de prevenção, visando garantir sua qualidade e
disponibilidade no futuro; c) aproveitamento múltiplo dos recursos hídricos e;
d) instrumental de controle e planejamento, para gerir todo esse processo.
Ressaltam-se,
como implicações desse conjunto de temas, algumas questões básicas, que devem
orientar a análise das propostas gerais ou mais específicas.
Inicialmente,
conforme observado no diagnóstico da UGRHI, têm se mostrado muito expressivos
os efeitos de formas de aproveitamento inadequado dos recursos naturais, de
forma tal que, hoje e para o futuro, são requeridos
grandes esforços e investimentos para a sua correção, além de novas posturas
preventivas, para que não sejam ainda mais agravados.
Dessa
forma, há que se ressaltar algumas condições importantes para se efetuar esse
enfrentamento. Em primeiro lugar, havendo inúmeras demandas, há que se efetuar
sua priorização; em segundo lugar, para não reproduzir efeitos negativos em
outros setores, ambientes ou interfaces, a forma de se atuar sobre esses
problemas também não deve ser a tradicional, setorial e parcial; em terceiro
lugar, devem ser procedidas avaliações criteriosas de projetos e de novos
aproveitamentos, com base em indicadores de sustentabilidade, antes de se
decidir pela sua realização.
Além
disso, pode-se interpretar a seleção desses temas como uma busca de novas
formas de aproveitamento do potencial
efetivamente disponível desses recursos, com padrões diferenciados em relação
ao praticado no passado. Isso significa que devem ser observados os
condicionantes e limitações naturais, em relação aos usos a serem praticados,
afim de satisfazer, de forma duradoura e equilibrada, as demandas legítimas da
região.
A
materialização e a condução de toda essa transformação dos padrões de
recuperação, prevenção e uso dos recursos hídricos, na escala em que é
necessária, requer também condições extremamente diferenciadas das atuais, no
que se refere aos recursos, instrumentos e ao poder de aplicá-los na
intensidade e abrangência necessárias à promoção dessas alterações.
Com
relação à abordagem e ao desdobramento desses temas para a Oficina, serão
apreciadas, a seguir, sejam as suas especificidades, como as suas condições
gerais de encaminhamento.
Serão
comentados a seguir as oportunidades e os demais quesitos – demandas, riscos e
o papel do Comitê no encaminhamento e viabilização das propostas formuladas em cada
grupo temático.
Grupo 1 - Planejamento e gerenciamento dos recursos hídricos
O processo de metropolização, a cobrança pelo uso da
água e o próprio Plano de Bacia são vistos como oportunidades para se efetuar
esse planejamento dos recursos hídricos. Porém, foram assinaladas dúvidas
básicas em relação ao objeto e ao processo de cobrança, o que indica a
necessidade de esforços adicionais para aproveitamento de seu potencial,
enquanto instrumento para a definição das prioridades de usos e para a viabilização
da política de recursos hídricos da UGRHI.
Esse esforço para o planejamento dos recursos hídricos,
requer ainda quatro linhas de ações: a produção de um conjunto de informações
organizadas e sistemáticas; a organização de aparato jurídico-institucional; a
divulgação das informações sobre esse planejamento, além da sua integração com
outros sistemas. Dada a amplitude dessas demandas, pode-se concluir que, em
última análise, há tudo por ser feito para possibilitar o exercício efetivo
desse planejamento e gerenciamento dos recursos hídricos.
A viabilização do atendimento desse conjunto de
demandas, segundo assinalado no grupo, deverá enfrentar obstáculos expressivos
de natureza político-institucional, em função da falta de prioridade das
questões relacionadas aos recursos hídricos junto aos poderes públicos e à
comunidade. Esse quadro reflete, evidentemente, a inexistência de tentativas de
integração desse tema às demais políticas públicas e, sobretudo, explica o grau
de degradação alcançado nessa UGRHI.
Nesse contexto, o fórum colegiado, a discussão e a
formulação de propostas para o Plano e, antes dele, a situação atual e suas
tendências reportadas no próprio Relatório “0”, têm um potencial de informação
e motivação para a discussão e o enfrentamento da questão dos recursos
hídricos, que é reconhecido como importante dentre as formas de intervenção do
Comitê.
Grupo 2 -
Aproveitamento múltiplo e controle dos recursos hídricos e conservação de
recursos hídricos na indústria
O rol de usos aqui previstos enquanto oportunidades é
extenso e, dentre eles, têm sido verificados atualmente sérios conflitos.
Deles, destacam-se usos intensos que, tradicionalmente, são concebidos e
praticados de forma setorial - geração de energia, abastecimento da população,
suprimento industrial, navegação, balneabilidade e aquicultura - os quais, se
abordados dentro da perspectiva do uso múltiplo, deverão ser objeto da
imposição de sérios limites.
Esses limites, evidentemente, têm gradação diferenciada,
que é estabelecida em função da prioridade de usos, da disponibilidade desses
recursos, das suas exigências de vazão, qualidade e regularidade no seu
aproveitamento, retirada ou devolução aos corpos d'água, das perspectivas de
composição desses usos que sejam consideradas aceitáveis, no cômputo de seu
aproveitamento integrado, bem como, nas repercussões que essa sistemática de
utilização possa desencadear, por exemplo, na sobrevivência dos ecossistemas
fundamentais da Baixada, como o do mangue.
Essa discussão da partilha desses usos, para o alcance
da perspectiva de uso múltiplo, deve partir de diretrizes legais, como as que
estabelecem a prioridade para o uso do abastecimento, e de uma série de
discussões políticas, embasadas por informações técnicas, as mais atuais,
amplamente divulgadas e independentemente checadas sob o prisma da
sustentabilidade.
Dentre as definições de prioridades e de discussões
políticas em torno da utilização desses recursos destacam-se aquelas que serão
desencadeadas no caso das águas da Billings. Essas - um dos suprimentos
apontados pelo grupo 2 para a Baixada - constituem recursos de outra Bacia, a
UGRHI do Alto Tietê, que passa por sérios problemas de escassez e de qualidade,
particularmente para o seu uso mais estratégico, o do abastecimento.
Em função disso mesmo, no Alto Tietê passou-se a
aproveitar, de forma mais ampla e crescente, as águas desse reservatório para o
abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo, a qual já depende
majoritariamente de mananciais externos, como os da Bacia do Piracicaba, fato
que provoca séria escassez para a Região Metropolitana de Campinas.
Ainda no que se refere à avaliação do quesito
sustentabilidade, é importante ressaltar uma situação crítica da Baixada
refletida na própria discussão temática. Paralelamente às propostas de
intensificação do uso das águas de outra bacia - a da Billings - não houve
referências explícitas ao uso das águas do mar, seja no seu papel ambiental de
regulação climática e suporte a atividades econômicas - envolvendo a
balneabilidade, pesca e navegação - como, de forma conflituosa, para o papel
que ele tem tradicionalmente desempenhado no destinação final de resíduos
sólidos, esgotos domésticos e efluentes industriais da Baixada Santista.
Dentre as oportunidades identificadas, são referidos
outros mananciais da UGRHI (Itatinga e Rio Branco) que podem ser objeto de
aproveitamento, e que este poderia ser incrementado mediante o equacionamento
de demandas gerais de instrumentos de informação relativa à disponibilidade de
água, além de ações voltadas à redução nas perdas gerais e no consumo
industrial (reuso e racionalização), bem como, a redução e tratamento de
resíduos sólidos, esgotos, efluentes e cargas difusas.
Essas providências são previstas também no caso das
águas da Billings, destacando-se a menção à proposta de tratamento de águas do
Alto Tietê no rio Pinheiros que, via Billings, seriam revertidas para a Baixada
Santista para gerar energia. Face aos potenciais conflitos de uso, essa
proposta insere-se também na demanda de avaliação da confiabilidade e
sustentabilidade, já referidas anteriormente.
Nesse sentido, interessa apreciar os riscos
identificados nesse grupo. Eles refletem a disputa entre os benefícios da
utilização das águas, que exclui, tradicionalmente a assunção de prejuízos ou
custos decorrentes desses aproveitamentos, no que se refere à limitação ou
inviabilização de outros usos, incluídos aqueles dos ecossistemas. Como esses
custos de reparação são elevados e, via de regra, superiores aos de prevenção,
a sua desconsideração ao longo do tempo em que essa forma de aproveitamento vai
se processando, agrega custos exponenciais que vão perdendo, proporcionalmente,
suas perspectivas de incorporação pelos seus agentes causadores, resultando em
prejuízos irreparáveis para ecossistemas e o conjunto da sociedade, por
gerações.
Por outro lado, há que se discernir o que pode ser
abrangido pelo ‘uso múltiplo’, considerando que as possibilidades práticas de
efetuá-lo são limitadas. Esses limites provém de usos mais exigentes de qualidade
(pesca, aquicultura, turismo, abastecimento e conservação da biodiversidade), e
de outros quesitos da sustentabilidade, como o de disponibilidade futura, ou
conservação do recurso em condições de aproveitamento.
Dentre as limitações adicionais, destaca-se também
aquela da transferência de água de outras bacias. De todo o modo, havendo
conflitos, eles devem ser explicitados em cada caso e esse procedimento,
consequentemente, deságua na necessidade de se apontar as prioridades de uso.
Esse procedimento de se identificar claros conflitos e
prioridades não é usual na gestão tradicional dos recursos hídricos e,
considerando os princípios de gestão democrática do SIGRH e o poder
deliberativo do Comitê, não é desejável que determinadas definições sejam evitadas.
Essas definições, ademais, devem repercutir na concepção e aplicação dos demais
instrumentos de gestão, como no caso da aprovação de políticas, da definição de
critérios para se efetuar a cobrança pelo uso da água e da indicação de
objetivos na aplicação dos recursos arrecadados.
Ainda que as demandas apontadas sejam coerentes com as
condições necessárias para o desenvolvimento das oportunidades já referidas, o
seu rol é extenso e pressupõe pesados investimentos em áreas que vão da
infra-estrutura e de desenvolvimento tecnológico à político-institucional.
Assim sendo, tal nível de demanda deve ser objeto de avaliações acuradas,
articuladas às dos demais grupos, no sentido de subsidiar a definição de um
plano estratégico.
Quanto aos riscos, estão corretamente apontados aqueles
usos e procedimentos que, tradicionalmente, têm prejudicado o aproveitamento
dos recursos hídricos, como a falta de informação, de fiscalização e punição,
além dos impactos de obras e aproveitamentos. A degradação da paisagem natural
e das características dos corpos d'água, bem como, a poluição e seus reflexos
no níveis de atividade econômica, renda e saúde das populações envolvidas, têm
resultado da disputa entre diferentes usos e interesses em torno desses
recursos.
Essa disputa explica e se reflete, em boa medida, na
dificuldade de integração e na descontinuidade das ações; sintomas
freqüentemente interpretados como indicadores de gestão fragmentada e
deficiente, ou “ausência” de política pública para esse setor que, em tese, o SIGRH
deveria cuidar de afastar progressivamente.
Essas questões de riscos e aquelas colocadas como
demandas, comparecem na relação de ações que o Comitê tem capacidade de
empreender, sob a forma de diretrizes do Plano de Bacia, enquanto instrumentos
de conhecimento, capacitação e proposição, bem como de incentivo à discussão,
gestões políticas e posicionamentos, como aqueles contrários à degradação
adicional dessa UGRHI.
A ênfase dessas gestões políticas recaiu sobre a
garantia das demandas da Baixada a partir da Billings. No entanto, elas
deveriam incorporar, como interlocutor, evidentemente, o Comitê do Alto Tietê -
enquanto fórum interessado em suas próprias águas - e, no seu temário, outras
alternativas de suprimento e formas de utilização das águas da própria Baixada,
superando as limitações que, historicamente, foram impostas pelos
aproveitamentos que contribuíram para o atual quadro de degradação social e
ambiental, reportado no Relatório Zero.
Grupo 3 -
Conservação, proteção e recuperação da qualidade dos recursos hídricos e
conservação e proteção dos mananciais
De natureza mais preventiva, as oportunidades apontam
para a existência de legislação prevendo, regulando e delimitando áreas e
recursos protegidos, indicando seus órgãos responsáveis, bem como, de outros
instrumentos com o potencial de definir e divulgar a política para essas áreas,
destinar recursos para seus programas de ação e sustentação.
Todo esse potencial, porém, fica bastante afastado de
perspectivas concretas de materialização, por depender de um extenso rol de
providências de natureza técnica, jurídica, institucional, política e
gerencial, que implica, por sua vez, em grande investimento de recursos na
produção de informação, em ações de controle e recuperação ambiental, divulgação,
criação de incentivos, capacitação, detalhamento de normas e fiscalização.
O mapeamento dos entraves e dificuldades aponta os
interesses econômicos e políticos conflitantes em relação às áreas a serem
protegidas que, adicionalmente, apresentam inúmeros focos de contaminação e
degradação. Todo esse contexto - que requer grandes esforços no sentido
contrário aos dos interesses, na prática, hegemônicos - indica ser pouco
provável a conservação e a recuperação dessas áreas sem que grandes
transformações sejam efetuadas.
As ações apontadas como integrantes da capacidade de
intervenção do Comitê, podem deflagrar algumas das alterações nesse contexto.
Porém, a realização dessas ações dependerá, fundamentalmente, da expressão dos
apoios políticos que for possível angariar, através do empenho dos segmentos
sociais que, no seu âmbito, hoje defendem a proteção das áreas de produção e
depuração dos recursos hídricos.
Grupo 4 -
Prevenção e defesa contra inundação, erosão e assoreamento
As
oportunidades para a adoção de medidas para enfrentar esses problemas
centram-se na disponibilização de informações e recursos, a partir de entidades
de pesquisa e cooperação, nacionais e internacionais, além de providências por
parte de organismos regionais.
A
dependência dessa ajuda "externa" é corroborada pela indicação,
dentre os entraves e dificuldades, de tentativas anteriores frustradas, através
de planos e iniciativas isoladas, que não tiveram suficientes recursos, não
apresentaram continuidade ou integração com outros setores e ainda, basearam-se
em informações deficientes.
Nesse
sentido, é ressaltada a demanda de instrumentos formais de cooperação, que
assegurem o fluxo de recursos e o prosseguimento de ações, pautadas em bases
técnicas confiáveis e no compromisso firmado entre diferentes organismos.
No
enfrentamento dos problemas de inundação, erosão e assoreamento, são apontadas
como causas as ocupações e invasões de áreas suscetíveis e, como tal, sugere-se
o seu combate. Para não repetir iniciativas anteriores, frustrando o alcance de
objetivos e metas das ações, planos e obras, como as de contingência e
recuperação que estão sendo prescritas, deve-se atentar para os mecanismos que
impulsionam a ocupação de áreas frágeis e que transformam cheias sazonais em
graves inundações, ou florestas e encostas íngremes em áreas de deslizamento e
degradação aceleradas.
As
referidas ocupações e invasões se originam de contextos sócio-econômicos mais
amplos, onde as populações que se dirigem a essas áreas inadequadas para a
urbanização, a inserção econômica, a saúde e a própria vida, o fazem pela falta
de alternativas - viáveis para seus níveis de renda - em função, portanto, de
sérias restrições no seu poder aquisitivo e, principalmente, pela valorização
especulativa incidente sobre as áreas mais adequadas e melhor localizadas, que
permanecem vazias ou subutilizadas.
Sem
que se toque nessas variáveis, com instrumentos adequados, seguirão custosas e
inexpressivas as medidas corretivas que vão sendo reiteradamente propostas e -
a duras penas - implementadas. Essa questão trata da sustentabilidade de um
modelo de apropriação do território da Baixada Santista, que tem sérios
reflexos na questão dos recursos hídricos e na saúde de sua população.
Além
da formulação de instrumentos eficazes de prevenção, o alcance dessas
iniciativas, dependerá da mobilização da capacidade de intervenção do Comitê,
seja através do financiamento com recursos do Fehidro, de ações em educação
ambiental e no fortalecimento dos mecanismos de controle e fiscalização, como,
principalmente, através de iniciativas de integração política. Estas últimas,
em função dos esforços requeridos na alteração do quadro mencionado,
consistirão nas condições-chave a serem mobilizadas a partir da atuação do
Comitê.
Grupo 5 -
Interferência do uso e ocupação do solo na qualidade dos recursos hídricos
A resolução dessa interferência tem como oportunidades
assinaladas a educação ambiental e instrumentos de regulação, como o zoneamento
regional (macrozoneamento econômico-ecológico) e outros instrumentos jurídicos
de âmbito local, com interface com os recursos hídricos. Alguns desses
instrumentos vêm sendo discutidos regionalmente e podem trazer avanços no campo
da interpretação das vulnerabilidades e potencialidades ambientais.
Contudo, sua internalização nas estruturas
institucionais e jurídicas e, mais ainda, suas condições de oferecer resultados
tangíveis, estão ainda distantes, a julgar pelo grau e diversidade de demandas
colocadas para essa questão. As demandas envolvem, desde o reconhecimento
político e público da importância e vulnerabilidade de áreas estratégicas, como
as dos mananciais, até a implementação de ações relativas ao assentamento de
populações e à fiscalização de áreas de interesse, passando por revisão de
legislações e pelo estabelecimento de estratégias para viabilizar esses
instrumentos e medidas.
A situação atual nesses campos, descrita como sendo a da
ocorrência de ocupações irregulares, de áreas degradadas, de poluição dos
corpos d'água utilizados para o abastecimento, da falta de interesse político e
seus reflexos na insuficiência dos meios para o controle da situação, é vista
como entrave para a resolução das interferências do uso e ocupação do solo nos
recursos hídricos.
A questão a ser enfrentada nesse tema, é semelhante
àquela comentada para o tema das inundações (grupo 4) e semelhante àquele que
tratou de áreas de mananciais (grupo 3). Trata-se da hegemonia dos interesses -
representados também no próprio setor público - voltados à apropriação
econômica do solo e dos recursos naturais, na perspectiva de auferir
rendimentos ou outros benefícios no curto prazo, legando os prejuízos dessa
forma de exploração - aqui traduzidos como passivo ambiental e social - para o
conjunto da sociedade e ecossistemas, ao longo de suas futuras gerações.
Da mesma forma que os grupos temáticos mencionados, é
vista, nesse caso, a capacidade de intervenção do Comitê: provisão de recursos,
ação política e articulação de ações.
9.- ANÁLISE DA ABORDAGEM GERAL
Dentre
os grupos temáticos evidenciaram-se diversos pontos em comum, cujo tratamento
passa a assumir grande importância para a gestão dos recursos hídricos na
Bacia.
Quanto
às oportunidades, novas perspectivas de desenvolvimento econômico foram
ressaltadas em todos os grupos, seja no aproveitamento dos recursos hídricos,
como ambientais, em geral, evidenciando um esforço na busca de caminhos
alternativos, mais equilibrados e sustentáveis e na reavaliação das
potencialidades tradicionais.
Para
viabilizá-las são identificadas grandes dificuldades, cuja superação demanda
expressivos investimentos, de toda a natureza. Eles abrangem aqueles de mudança
cultural mais ampla, até obras de infra-estrutura localizadas, todas elas de
longa maturação e exigentes de grandes esforços, que vão da motivação política
à inovação tecnológica.
Esse
volume de situações a corrigir e a criação de novas perspectivas não encontra
resposta nas diferentes organizações político-administrativas existentes, de
sorte que o SIGRH, através do Comitê, surge como um dos raros espaços de
discussão e de encaminhamento dessas questões, muitas delas, não exclusivamente
relacionadas ao seu campo de atuação.
Disso
decorre um saudável e necessário espaço de discussão, porém, em contrapartida,
uma hipertrofia da pauta, dispersando esforços em muitas frentes, o que é
grave, considerando-se o longo tempo que ainda é requerido para completar a
institucionalização desse sistema de gestão e para o seu pleno preenchimento e
participação das diferentes entidades que o compõem, particularmente aquelas
representativas da sociedade civil.
Mesmo
se reduzida a um mínimo indispensável no campo dos recursos hídricos, o rol de
ações necessárias e a demanda de recursos para materializá-las encontra
dificuldades, como as que se verificam no encaminhamento dos Programas de
Duração Continuada apontados nos sucessivos Planos Estaduais de Bacia.
O
Plano Estadual dos Recursos Hídricos, vem sendo formulado desde antes da
própria instituição da legislação que criou o SIGRHI, em 1991, e vem assinalando
a necessidade de implementação de um extenso rol de ações ao longo dos
diferentes períodos – quadrienais - que se seguiram desde então. Essas ações
são enquadradas em PDCs – Programas de Duração Continuada e, de acordo com as
proposições de seus respectivos Comitês, via-de-regra, são abrangentes e
ambiciosas.
De fato, a situação em que se encontram os recursos hídricos, em todo o Estado, está a demandar grandes investimentos, especialmente no que se refere à correção de problemas gerados por formas inadequadas e conflitantes de aproveitamento desses recursos. Esses investimentos, contudo, seguem sem perspectiva de realização, a depender dos recursos que são direcionados para o FEHIDRO.
Essa
é uma questão que merece destaque para a discussão da sustentabilidade, além
dos enormes desafios inerentes à implementação de um sistema de gestão
tripartite, descentralizado e participativo, que vêm sendo enfrentados em todas
as instâncias desse sistema.
Nesse
contexto, em que recursos orçamentários também não vêm sendo disponibilizados
de forma expressiva para o enfrentamento dos problemas regionais nesse campo,
há que se refletir sobre perspectivas realistas, prioridades e estratégias para
que a região avance na resolução dos seus problemas.
Nesse
sentido, uma questão chave a ser colocada é a do aproveitamento de seu
expressivo patrimônio natural ainda remanescente sem, naturalmente, repetir o
que fizeram as demais regiões do Estado - que o dilapidaram - e sem, também,
fazer crescer os problemas que o tradicional padrão de apropriação desses
recursos, já legou para essa UGRHI e que são identificados de forma clara, seja
no Relatório Zero, como na Oficina de discussão.
Retomando
algumas das principais diretrizes assinaladas nessa análise expedita da pauta
de temas e propostas da Oficina, aqui consideradas fundamentais para a gestão
dos recursos hídricos na Baixada Santista, é importante centrar o seu
encaminhamento numa abordagem estratégica voltada à sustentabilidade no aproveitamento
desses recursos.
Todos
os problemas retomados do Relatório Zero, e seu potencial inerente de evolução
evidenciam que o aproveitamento que foi efetuado dos recursos econômicos,
sociais e ambientais da Baixada legou um passivo, que vem sendo desconsiderado
das suas avaliações de desempenho e desenvolvimento e que, evidentemente, não
tem sido debitado de seus agentes causadores, os beneficiários do processo de
degradação.
Essa
situação exibe a mais clara evidência de que os custos de remediação são
infinitamente superiores aos da prevenção e de que o prosseguimento no atual
rumo acabará por liquidar o potencial remanescente de desenvolvimento que, na
região, ainda resistiu ao padrão predatório que lhe foi impingido. Além disso,
a gravidade, extensão e o avanço inercial de todos os problemas relacionados
aos recursos hídricos, requerem um enfrentamento proporcional não se mostra
viável com as fontes de recursos tradicionalmente despendidas na sua reparação.
Isso
requer uma priorização política clara da proteção do patrimônio ainda
existente, preventivo de novos problemas, e uma hierarquização das frentes de
enfrentamento do passivo ambiental, com base na distribuição de seus custos
entre os segmentos responsáveis pela sua geração.
Essa
nova política deve repercutir na formulação de um novo modelo de
desenvolvimento.
De
maneira simplificada, pode-se recuperar que, na Oficina, foram apontadas
inúmeras demandas de água e propostas de encaminhamento, para as quais há que
se efetuar uma priorização, com base em critérios amplamente discutidos,
asseguradas as necessidades básicas de sobrevivência da população e de seus
principais ecossistemas. Para não reproduzir efeitos negativos em outros
setores, ambientes ou interfaces, a forma de se atuar sobre essas demandas e
problemas deve ser muito diferenciada em relação à tradicional, setorial e
parcial, requerendo a identificação de suas interfaces e repercussões.
Finalmente, devem ser procedidas avaliações criteriosas de projetos e de novos
aproveitamentos, com base em indicadores de sustentabilidade, antes de se
decidir pela sua realização.
Assim
sendo, o encaminhamento das questões que emergem como estratégicas desse
processo de discussão na Oficina requer o tratamento de temas relativos à
viabilização das propostas, como os que são apontados a seguir:
·
Construção de um
modelo de aproveitamento econômico sustentável dos recursos naturais,
particularmente os hídricos, revendo os mecanismos de dependência da Bacia do
Alto Tietê, já envolta em problemas sérios de escassez;
·
Identificação dos
requisitos básicos, para dar início à alteração desse modelo de aproveitamento;
·
Viabilização de
fontes de recursos financeiros para implementar esses requisitos básicos,
criando mecanismos para explicitação e internalização de custos econômicos,
sociais e ambientais nos segmentos e setores que se beneficiam do
aproveitamento direto e indireto dos recursos hídricos;
·
Avaliação dos riscos
e potencialidades dos projetos que têm fontes de recursos assegurados;
·
Reavaliação das ações
de responsabilidade do Comitê; e
·
Formulação do plano
estratégico em que se traduzirá o Plano de Bacia, o qual deverá, evidentemente,
incorporar e articular todas as iniciativas e posturas referidas nos tópicos
anteriores.
Essas
questões podem ser objeto de discussão e detalhamento nos próximos eventos de
discussão a serem programados.
COMITÊ DA
BACIA HIDROGRÁFICA DA
BAIXADA
SANTISTA
UNIDADE DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS NO. 7
UGRHI 7
PLANO DE BACIA
DA BAIXADA SANTISTA
2o
Relatório Técnico Parcial
Oficinas de Trabalho 2a , 3a e 4a
ÍNDICE
1.- 2a
Oficina de Trabalho 3
1.1.- Organização da Oficina 3
1.2.- Formação dos Grupos de Trabalho 4
1.3.- Análise do Trabalho Desenvolvido 5
1.3.1.- Ações de curto prazo para sustar os processos de degradação 6
1.3.2.- Ações de médio e longo prazos para recuperação e conservação dos recursos hídricos 7
1.3.3.- Bases para um novo modelo de desenvolvimento sustentável 8
1.4.- Considerações Complementares 10
2.- 3a
Oficina de Trabalho 11
2.1.- Desenvolvimento dos Trabalhos 11
2.2.- Dinâmica da Oficina de Trabalho 13
2.3.- Andamento das Atividades 14
2.4.- Análise do Trabalho Desenvolvido 15
3.- 4a
Oficina de Trabalho 18
3.1.- Desenvolvimento dos Trabalhos 18
3.2.- Dinâmica da Oficina e Propostas dos Grupos 19
3.3.- Considerações sobre o Andamento das Atividades 22
3.4.- Análise do Trabalho Desenvolvido 23
1.- 2a OFICINA DE TRABALHO
1.1.- ORGANIZAÇÃO DA OFICINA
A exemplo do que ocorreu na 1a Oficina de Trabalho para elaboração do Plano de Bacia da Baixada Santista, esta 2a Oficina, realizada no dia 20 de novembro de 2001, na sede da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Santos, também adotou processo intensamente participativo para tomada de decisões.
Após rápida abertura, em que os participantes tomaram ciência dos objetivos e organização da Oficina, foram apresentadas as palestras programadas, seguidas de debates:
a) Poços Coletores Horizontais - captação de
água bruta com baixo custo.
b)
Bacias hidrográficas
utilizadas e com potencial para captação de água: disponibilidade, demanda e
captação de água na Bacia da Baixada Santista. Sazonalidade do abastecimento e
perdas nos sistemas.
c)
Características das
bacias hidrográficas: aspectos físicos e fitogeográficos, ameaças (ocupações,
erosão e contaminações), situações mais críticas e risco à saúde. Desmatamento,
áreas afetadas por poluição atmosférica e por produtos tóxicos.
Em seguida, para trabalhar cada um dos temas, os participantes foram divididos em três grupos e de forma a permitir a multiplicidade de interesses e de conhecimento sobre o assunto.
Formados os grupos, foram, então, explicadas as regras a serem observadas durante os trabalhos.
Para cada um dos temas deveriam ser formuladas propostas, identificados os respectivos meios e condições de implantação, as principais dificuldades previstas e a responsabilidade pela implementação.
Posteriormente, passou-se ao “mercado de informações”, ocasião em que o relator de cada um dos grupos apresentou o resultado do seu trabalho aos demais, num sistema de rodízio, discutindo e recebendo contribuições dos grupos visitantes.
Ao final, os relatores apresentaram aos seus grupos iniciais as ponderações e sugestões dos demais, que foram discutidas e incorporadas, ou não, consolidando, assim, os trabalhos.
1.2.- FORMAÇÃO DOS GRUPOS DE TRABALHO
Cada um dos presentes escolheu o seu grupo de preferência, resultando as seguintes composições:
GRUPO 1 - Ações de
curto prazo para sustar os processos de degradação
- Zaíra Magda Borges Mancilha SES/DIR-XIX-RMBS-GVS
- Sandra Fernandes Lombardi SES/DIR-XIX-RMBS-GVS
- Ana Lúcia Buccolo Marques DEPRN - SMA
- João Cesar Queiroz Prado ABES
- Zuelma dos Santos Assoc. Teto e Chão - BS
- Gastão Cesar Cyrino Bastos Inst. Pesca de S. Paulo
GRUPO 2 - Ações de médio e longo prazos para recuperação e conservação dos
recursos hídricos
- Yuiti Fushiguro DAEE
-
Nazem Nascimento Unesp
-
Marise Céspedes Tavolaro AEAS
-
Becnam Arralla Pref.
Santos - SEMAM
-
Pedro Carmo De Bartolo DAEE
-
Tenisson Azevedo Júnior Pref.
Mongaguá
GRUPO 3 - Bases para
um novo modelo de desenvolvimento sustentável
- Francisco G. da Costa Neto SERT/SEP
- Celso Garagnani CIESP - CB
- José Luiz Gava DAEE
- Carlos Vicente Mensengess Pref. Praia Grande
- Paulo Roberto Teixeira UNISANTOS
- Wbiratan Ribeiro Maia Agendas Brasil
1.3.- ANÁLISE DO TRABALHO DESENVOLVIDO
Diante das considerações colocadas nesse documento, foi proposto que o CBH-BS assumisse a liderança e o rígido controle de uma estratégia para encaminhamento do Plano de Bacia, estratégia essa embasada em dois vetores fundamentais, quais sejam:
·
1o
vetor - Sustar a evolução dos processos de degradação ambiental;
·
2o
vetor - Priorizar as ações e obras que se evidenciem factíveis.
A justificativa do 1o vetor é óbvia. Trata-se de clara determinação política objetivando à mudança do modelo de desenvolvimento, optando pela efetiva preservação e conservação dos recursos naturais, em especial, os hídricos.
Dentro desta diretriz, o Comitê estabeleceria os quesitos mínimos a serem observados num processo de ajuste jurídico-institucional dos Municípios pertencentes à Bacia.
Esse ajuste deveria contemplar a reestruturação administrativa e promulgação de atos legais, de forma a capacitar o Município para a responsabilidade de implantar, em seu território, as diretrizes estabelecidas pela Lei Federal 9433 (Política Nacional de Recursos Hídricos) e Lei Estadual 7663 (Política Estadual de Recursos Hídricos).
O CBH-BS se organizaria para apoiar os Municípios nessas tarefas.
Mediante deliberação do Comitê, os Municípios que se organizassem seriam especialmente reconhecidos, e teriam prioridade ao acesso de recursos que dependessem do CBH-BS.
Com o mesmo objetivo de sustar a evolução dos processos de degradação, o Comitê firmaria acordos com instituições oficiais, como Ministério Público, DAEE, CETESB, SABESP, DEPRN, Polícia Militar Florestal, além de outros, buscando uma ação integrada e efetiva junto à sociedade, orientando, instruindo, fiscalizando, autuando e punindo sempre que necessário.
Logicamente, uma ação concentrada no sentido proposto, deveria resultar na preservação daqueles recursos naturais ainda não atingidos.
Por outro lado, a estruturação de um banco de dados que sustente a gestão dos recursos hídricos na Bacia permitiria, não apenas o efetivo conhecimento e acompanhamento das questões ligadas aos recursos hídricos, como viabilizaria uma possível implantação do sistema de cobrança pelo uso da água.
O 2o vetor visava à recuperação segura e progressiva dos recursos hídricos e áreas degradadas, em todos os seus aspectos mais relevantes.
Com base no Relatório “0” e na avaliação da 1a Oficina de Trabalho, o Comitê deveria priorizar ações e obras, com clara definição dos recursos a investir e das fontes que garantirão a sua viabilização.
A priorização, em princípio deveria ater-se a alguns poucos temas, que demandassem intervenções urgentes, evitando-se um programa extensivo e “ilusório” de obras, e garantindo-se a sua factibilidade.
Procedendo desta forma, estaríamos buscando resultados positivos, com maior segurança e menores riscos de fracasso, de forma a garantir credibilidade ao processo e ao próprio Comitê de Bacia.
Utilizando o processo conhecido por “metaplan”, cada grupo lançou em painéis as suas avaliações empregando fichas coloridas. As contribuições oferecidas durante o “mercado de informações” foram lançadas em fichas brancas.
Conforme mostra o painel abaixo, o grupo destacou a necessidade da existência de um banco de dados, centralizado no Comitê, integrando as informações. Destaca, entretanto a indisponibilidade dessas informações.
A ocupação desordenada do solo deve ser prevenida, cabendo ao Estado e Município a responsabilidade pela fiscalização e implantação de políticas habitacionais e educação ambiental.
O problema dos esgotos e dos resíduos sólidos foi colocado como prioritário, exigindo-se o tratamento e correta disposição final. A crônica falta de recursos e de vontade política são obstáculos ao adequado equacionamento desses problemas. Foi proposta a busca de soluções alternativas para tratamento dos esgotos.
Foi também proposto o cadastro dos usuários de recursos hídricos e o controle da exploração dos recursos naturais.
Painel 1Ações de curto prazo para sustar os
processos de degradação |
|||
Proposta |
Meios e condições |
Dificuldades |
Responsabilidade |
Integração de informações |
Banco de Dados centralizado
no Comitê |
Não disponibilidade das
informações |
CBH-BS |
Prevenir e controlar a
ocupação desordenada |
Fiscalização e política
habitacional |
Política econômica e social |
Estado e Município |
Educação ambiental |
|||
Resíduos sólidos (aplicar os planos existentes) |
Oficiar M. P. e órgãos de
fiscalização |
Vontade política |
CBH-BS (cobrar dos órgãos fiscalizadores) |
Incluir verbas para res.
sól. nos orç. municipais |
|||
Financiamento para resíduos
sólidos |
Falta de recursos |
||
Aumentar a coleta de esgoto |
Financiamento e vontade
política |
Falta de articulação
técnico-política |
SABESP |
Tratamento e disposição
final de esgoto |
|||
Soluções alternativas para
o esgoto |
Conscientização e financiamento |
Falta de programas de
conscientização |
CBH-BS e Município |
Falta de conhecimento de
fontes de financiam. |
|||
Cadastro de usuários de
recursos hídricos |
|
||
Controle da exploração dos
recursos naturais |
1.3.2.- Ações de médio e longo prazos para
recuperação e conservação dos recursos hídricos
Painel 2Ações de médio e longo prazos para recuperação e conservação dos recursos hídricos |
|||
Proposta |
Meios e condições |
Dificuldades |
Responsabilidade |
Montagem e divulg. de banco
de dados de probl. e proj. ambientais |
Recursos do Condesb/Agem e
Fehidro/Comitê |
Vontade política |
Condesb/Agem e Comitê |
Implementação de “Agenda
21” no âmbito do Comitê |
Municípios, Comitê e
sociedade civil (parcerias) |
Conscientização da
comunidade e dos poderes públicos |
CBH-BS |
Programas de capacit. de
recursos humanos (mun.+est.+fed.+soc.) |
Universidades |
Recursos financeiros e
conscientização dos governantes |
Governos municipais,
estadual e federal |
Atualização, uniformiz. e
adequação das legisl. municipais |
Elaboração de um plano
regional |
Política |
CBH-BS |
Programas de monitoramento
e fiscaliz. ambiental |
Secretarias estaduais e
órgãos federais |
Recursos financeiros,
técnicos e articulação regional |
Estado, União e Municípios |
1.3.3.- Bases para um novo modelo de desenvolvimento
sustentável
Painel 3Bases para um novo modelo de desenvolvimento sustentável |
|||
Proposta |
Meios e condições |
Dificuldades |
Responsabilidade |
Identificação dos mananciais |
Definir/mapear: local, qualidade, potencial
de explotação, condições de distribuição, potencial de usos múltiplos |
Integração dos órgãos
envolvidos no assunto |
Secretaria de Recursos
Hídricos - DAEE |
Adequação/revisão da
legisl. específica (sustentabilidade) |
Fórum de especialistas |
Envolvimento dos poder.
legislat. nos três níveis |
Congresso Nacional |
Banco de dados integrado |
Disponibilidade via Internet |
Integração dos órgãos
envolvidos |
Secretaria de Recursos
Hídricos - DAEE |
Adequação do uso e ocupação
do solo e água |
Planos Diretores Municipais |
Integração dos Municípios
com objetivo de desenv. sustentável |
Municípios |
Condições financeiras para
conservação dos recursos hídricos |
|
O grupo entendeu que um banco de dados integrado, disponibilizado via Internet, é indispensável para a garantia de um modelo adequado de desenvolvimento sustentável.
A Secretaria dos Recursos Hídricos, o DAEE e os Municípios devem preocupar-se com a identificação dos mananciais (mapeamento, localização, qualidade, potencial de explotação, condições de distribuição e potencial de usos múltiplos) e com a adequação jurídica municipal, contemplando a sustentabilidade do desenvolvimento.
Preocupação semelhante foi demonstrada em relação à adequação nacional da legislação de sustentabilidade, cabendo ao Congresso essa responsabilidade.
O desenvolvimento dos trabalhos da Oficina propiciou um entendimento de algumas constatações fundamentais para os trabalhos do Comitê e para o Plano de Bacia:
a) existe grande número de informações importantes que deverão ser incorporadas ao Relatório “0”, afim de permitir a sua atualização. Muitas destas informações são fundamentais para a elaboração do Plano de Bacia;
b) mais uma vez ficou evidenciada a enorme setorização e compartimentação dos órgãos públicos que têm participação na gestão dos recursos hídricos;
c) a pouca participação da sociedade organizada no evento, e em especial das Prefeituras, reflete a situação de fragilidade do Comitê e a existência de dificuldades que necessitam ser identificadas e superadas para a aplicação efetiva de uma política de gestão dos recursos hídricos;
d) a não apresentação dos dados relativos a qualidade das águas (questões relacionadas às contaminações ) dificultaram um melhor entendimento dos problemas destas áreas e, conseqüentemente, as contribuições dos grupos;
e) os dados relacionados ao abastecimento de água e tratamento de esgotos foram bastante questionados, exigindo portanto, uma avaliação mais detalhada;
f) não foi apresentado um panorama sobre a situação atual dos mananciais utilizados para abastecimento público (com representação geográfica de indicadores críticos, como foi solicitado aos palestrantes);
g) as contribuições apresentadas sobre o quesito “desenvolvimento sustentável” mostram que a caracterização de usos dos recursos hídricos da UGRHI exige uma definição mais clara da vocação preferencial da bacia.
2.- 3a OFICINA DE TRABALHO
2.1.- DESENVOLVIMENTO DOS TRABALHOS
De acordo com as atividades
programadas e acordadas com a Câmara Técnica de Planejamento do Comitê da Bacia
Hidrográfica da Baixada Santista, a 3a Oficina de Trabalho foi
realizada em Cubatão (Bloco Cultural da Prefeitura ), no dia 3 de abril de
2002, e teve como tema básico “Mangues,
Canais e Drenagem Urbana”.
O programa foi desenvolvido em
duas partes. A primeira constou de palestras relacionadas ao tema proposto, num
total de cinco, das quais somente duas
foram realizadas, uma vez que três expositores não compareceram.
A segunda parte compreendeu uma
Oficina de Trabalho propriamente dita, conduzida mediante o emprego da técnica
“metaplan”, descrita e comentada anteriormente.
As palestras foram realizadas no
período da manhã enquanto que a oficina ocupou o período da tarde.
PALESTRAS PROGRAMADAS
PARA A 3a OFICINA
Situação atual dos
ecossistemas: características físicas, qualidade das águas, estágio de
preservação e contaminação dos canais e manguezais
Entidade convidada: CETESB (não compareceu)
Ocupação
urbana-industrial na Baixada Santista
Entidade convidada: Prefeitura Municipal de Cubatão
Resíduos sólidos e
áreas contaminadas na Bacia
Entidade convidada: CETESB (não compareceu)
Problemas de drenagem
nos Municípios da Baixada Santista
Entidade convidada: FCTH - Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica
Doenças de veiculação
hídrica na Baixada Santista
Entidade convidada: GVE - Divisão de Saúde de Santos (não compareceu)
A reunião contou com 38
participantes, dos quais 17 representavam entidades da sociedade civil, 13 de
órgãos públicos estaduais e 8 de prefeituras.
1. Francisco Felippelli SEP/CAR/ERPLAN-BS
2. Anselmo Craveiro CDU/APLAN/PMC
3. Antonio Cantalice PSDB
4. Celso Garagnani CIESP - Cubatão
5. Ubiratan Ribeiro Agendas Brasil
6. Carlos Rodrigues Sind. Químicos
7. José Luiz Gava DAEE
8. Yunes DAEE
9. Maria Wanda Iorio DAEE
10. Paulo de Lanze Prefeitura S. Vicente
11. Miguel Escandon Amigos da Água
12. Zuelma dos Santos Ass. Teto e Chão - BS
13. Carlos Bianchi Prefeitura Peruibe
14. Pedro Carmo DAEE
15. Rene Teixeira ACAEELBAS
16. Jasson L. dos Santos APAMAR
17. Paulo Roberto Teixceira UNISANTOS
18. João Soares da Costa Polícia Ambiental
19. Sandra Lombardi Secretaria da Saúde
20. Zaíra B. Mancilha DIR-XIX
21. Lucia Helena da Silva Prefeitura Guarujá
22. Arlindo Fagundes Filho CAMP Cubatão
23. Cap. Marco Aurélio Pinho Polícia Ambiental
24. Maria Oristina de Toledo Ass. Eng. Arqt. Itanhaém
25. Humberto S. de Toledo Ass. Eng. Arqt. Itanhaém
26. Ana Lúcia Buccalo Harono DPRN-3
27. Adalberto S. da Silva Prefeitura Cubatão
28. Maria Aparecida P. de Souza Casa Esperança
29. Luiz A.C. Dieguez DEPRN-ETSA
30. P. C. Padilha Jr. FCTH
31. Ubirajara PMC
32. Mario de Souza Jr. Prefeitura S. Vicente
33. Regina Elsa Araujo Defesa Civil Regional
34. José ª Martins CMC
35. Francisco Gomes da Costa SEP-SRRTUR
36. Nilton Pires AEC
37. Luiz F. V. Novaes PMC
38. Roque Bispo Soc. Amigos Familia Cubatente
2.2.- DINÂMICA DA OFICINA DE TRABALHO
Seguindo os procedimentos
técnicos adotados nas oficinas anteriores, após as palestras os participantes
foram divididos em grupos. Cada grupo recebeu a missão de discutir e apresentar
propostas para um conjunto de temas específicos, definidos em função do tema
básico do evento. Os temas específicos foram os seguintes:
1. Situação atual dos ecossistemas: características físicas, qualidade das águas, estágio de preservação e contaminação dos canais e manguezais;
2. Ocupação urbana-industrial na Baixada Santista;
3. Resíduos sólidos e áreas contaminadas na Bacia
4. Problemas de drenagem nos Municípios da Baixada Santista
5. Doenças de veiculação hídrica na Baixada Santista
Considerando o número de participantes da Oficina foram constituídos dois grupos. O Grupo I ficou responsável pelos três primeiros temas relacionados, enquanto que ao Grupo II coube os demais. Cada grupo, recebeu ainda a missão de responder quatro perguntas para serem respondidas durante os trabalhos:
Primeira: Propostas destinadas a equacionar os problemas relacionadas ao tema indicado
Segunda:
Meios e condições necessários para a viabilização da proposta
Terceira:
Dificuldades existentes que deverão ser enfrentadas
Quarta:
Responsabilidade (órgão ou entidade responsável pela viabilização da proposta).
Seguindo a técnica adotada, posteriormente, houve uma troca entre os integrantes dos grupos e os relatores apresentaram o resultado do seu trabalho aos demais, num sistema de rodízio, discutindo e recebendo novas contribuições.
No final, as propostas voltaram a ser analisadas pelos membros iniciais dos grupos e as sugestões dos demais foram discutidas e incorporadas ou não, consolidando os trabalhos.
2.3.- ANDAMENTO DAS ATIVIDADES
A
análise da oficina mostrou que, embora não tenhaM sido realizadas todas as
palestras programadas, o evento teve um resultado satisfatório. O seu desempenho
seria certamente melhor, caso fossem apresentados os dados e as conclusões dos
temas que seriam desenvolvidos nas palestras.
Constatou-se
de um modo geral, que os participantes dos grupos demonstraram um bom
desempenho na busca das respostas para as perguntas orientadoras. O trabalho
foi realizado sem problemas ou conflitos e dentro do tempo programado, e as
participações nos grupos foram mais ou menos intensas em função da complexidade
dos temas propostos.
Os temas específicos abordados
na Oficina evidenciaram uma série de questões relacionadas à gestão de recursos
hídricos, que devem demandar esforços de análise e sistematização, de modo a
permitirem fornecer subsídios capazes de avançar para a sustentabilidade de
aproveitamento dos recursos hídricos.
2.4.- ANÁLISE DO TRABALHO DESENVOLVIDO
GRUPO I |
|||
1. Situação atual dos ecossistemas: características físicas,
qualidade das águas, estágio de preservação e contaminação dos canais e
manguezais |
|||
Proposta
|
Meios e Condições |
Dificuldades |
Responsabilidade |
Compilação e atualização dos levantamentos e estudos da situação da Bacia |
Atualizar e complementar o Relatório “0” com informações sistematizadas de todas as fontes |
Integração entre os poderes públicos e custo da operação |
CBH-BS |
Avaliar a necessidade de criar pactos para ocupação ou ação de preservação ambiental e mineração |
Identificar e integrar os atores |
Identificar as atribuições de cada ator |
Contratada pelo CBH-BS |
2. Ocupação urbana-industrial na Baixada
Santista
|
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Proposta |
Meios e Condições |
Dificuldades |
Responsabilidade |
Plano Regional de Ocupação Industrial e Serviços |
Integração dos Planos Diretores com especificação de áreas para serviços e indústrias |
Definição (institucional) da vocação de crescimento ou desenvolvimento |
CONDESB e Municípios |
Tornar público |
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3. Resíduos sólidos e áreas contaminadas na Bacia |
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Proposta |
Meios e Condições |
Dificuldades |
Responsabilidade |
Implementar o Plano Regional de Resíduos Sólidos existente |
Integração e adequação dos planos municipais com o regional |
Identificação regional dos problemas |
Prefeituras junto à SEMA |
Tornar público o estudo de áreas contaminadas (CETESB) |
Divulgação às autoridades competentes |
As contribuições mostraram a existência de vários pontos em comum, que exigem um aprofundamento e tratamento na elaboração do Plano de Bacia. Em todos os grupos existe uma preocupação de se buscar caminhos alternativos, fundamentados num desenvolvimento mais equilibrado e sustentável do aproveitamento dos recursos hídricos. Para detalhar as orientações e as propostas elencadas, cabe inicialmente solicitar dados mais detalhados e objetivos junto aos órgãos públicos responsáveis pelas áreas focalizadas.
O trabalho realizado também serviu para mostrar as enormes dificuldades existentes para a superação dos problemas abordados, que exigem grandes investimentos e intensos esforços. Serviu para evidenciar ainda a necessidade e a importância de aprimoramento do sistema de gestão dos recursos hídricos na Bacia.
O Grupo I ao abordar o tema “Situação atual dos ecossistemas: características físicas, qualidade das águas, estágio de preservação e contaminação dos canais e manguezais“ enfatizou a necessidade de atualização das informações existentes. No tema “Ocupação urbana-industrial na Baixada Santista” apontou fundamentalmente, a exigência de elaboração de um Plano Diretor Metropolitano, apoiado em instrumentos de planejamento e gerenciamento, fundamentado na descentralização e regionalização das decisões, e baseado num zoneamento costeiro. Ao discutir os “Resíduos sólidos e áreas contaminadas na Bacia” destacou a necessidade de disponibilização das informações existentes e de implementação de estudos já realizados (Plano Regional de Resíduos Sólidos ).
Segundo o entendimento do Grupo II os problemas de drenagem nos Municípios da Baixada Santista exigem ações e medidas articuladas e integradas, sustentadas por planos municipais. Algumas Prefeituras, a exemplo de Santos e Itanhaém, já elaboraram os seus planos diretores de drenagem, constituindo um passo importante para alcançar este objetivo. No tema “Doenças de veiculação hídrica na Baixada Santista” o destaque à importância das atividades preventivas, reflete o quanto necessita ainda ser feito nesta área.
GRUPO II |
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4. Problemas de drenagem nos Municípios
da Baixada Santista |
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Proposta |
Meios e Condições |
Dificuldades |
Responsabilidade |
Elaborar Plano de Macrodrenagem nos Municípios que não o possuem |
Levantamentos aerofotogramétricos e topobatimétricos |
Acesso ou obtenção das informações |
Prefeituras Municipais |
Captação de recursos |
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Escala de mapeamento apropriada |
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Elaboração de Plano de Macrodrenagem Regional |
Compilação dos planos municipais |
Acesso aos dados dos planos municipais e recursos financeiros |
CBH-BS |
Captação de recursos |
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Capacitação técnica |
Cursos e parcerias com órgãos competentes |
Manutenção de técnicos qualificados nas Prefeituras |
CBH-BS e Prefeituras |
Implementar e viabilizar os planos |
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Controle de invasões |
Cumprimento da legislação |
Fiscalização |
Prefeituras, Polícia Florestal, IBAMA, DEPRN, Defesa Civil Municipal com Estadual |
5. Doenças de veiculação hídrica na
Baixada Santista
|
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Proposta |
Meios e Condições |
Dificuldades |
Responsabilidade |
Estimular as atividades de prevenção |
Programas |
Integração de todos os órgãos |
Saúde |
Saneamento Básico |
Desvincular orçamento por Bacia |
Vontade política |
Poder legislativo |
3.- 4a OFICINA DE TRABALHO
3.1.- DESENVOLVIMENTO DOS TRABALHOS
De acordo com as atividades
programadas e definidas pela Câmara Técnica de Planejamento do Comitê da Bacia
Hidrográfica da Baixada Santista, a 4a Oficina de Trabalho foi
realizada em São Vicente (Campus da UNESP), no dia 30 de abril de 2002, e teve
como tema básico “Praias e Águas Subterrâneas“.
O programa constou de duas partes. A primeira
compreendeu quatro palestras relacionadas com o tema geral proposto. A segunda,
uma oficina propriamente dita, conduzida mediante o emprego da técnica
“metaplan”.
As palestras foram realizadas no
período da manhã enquanto que a Oficina ocupou o período da tarde.
Palestra: “Ocupações irregulares na faixa da praia e uso de aterros e contenções”
Entidade convidada: IBAMA (não compareceu)
Palestra: “Lançamento de esgotos por canais e emissários”
Entidade convidada: SABESP
Palestra: “Acidentes ambientais provocados por lançamento clandestino de contaminantes provenientes de embarcações e dutos”
Entidade convidada: CETESB
Palestra: “Balneabilidade das praias”
Entidade convidada: CETESB
A reunião contou com 30 participantes, dos quais 13 representavam
órgãos públicos estaduais e federais, 11 da sociedade civil e 6 de prefeituras.
3.2.- DINÂMICA DA OFICINA E PROPOSTAS DOS GRUPOS
Seguindo os procedimentos
técnicos adotados nas oficinas anteriores, após as palestras os participantes
foram divididos em três grupos. Cada grupo recebeu a missão de discutir e
apresentar propostas para temas específicos, definidos em função do tema básico
do evento. Os temas específicos foram os seguintes:
1. Ocupações irregulares na faixa da praia e uso de aterros e contenções
2. Acidentes ambientais provocados por lançamento clandestino de contaminantes provenientes de embarcações e dutos
3. Lançamento de esgotos por canais, emissários e rios do estuário; Balneabilidade das praias
Cada grupo, recebeu ainda a tarefa de responder a quatro perguntas para serem respondidas durante os trabalhos:
Primeira: Propostas destinadas a equacionar os problemas relacionadas ao tema indicado
Segunda:
Meios e condições necessários para a viabilização da proposta
Terceira:
Dificuldades existentes que deverão ser enfrentadas
Quarta:
Responsabilidade (órgão ou entidade responsável pela viabilização da proposta).
Seguindo a técnica adotada, posteriormente, houve uma
troca entre os integrantes dos grupos e os relatores apresentaram o resultado
do seu trabalho aos demais, num sistema de rodízio, discutindo e recebendo
novas contribuições. No final as propostas voltaram a ser analisadas pelos
membros iniciais dos grupos e as sugestões dos demais foram discutidas e
incorporadas, consolidando os trabalhos de todas as equipes.
A seguir, encontram-se os
painéis contendo o trabalho realizado pelos três grupos.
Grupo 1
Ocupações irregulares na faixa da praia e uso de aterros e contenções |
|||
Proposta |
Meios e Condições |
Dificuldades |
Responsabilidade |
Regionalização das
atribuições e atividades do SPU |
Convênios |
Delegação de poderes + estrutura + recursos |
Prefeituras e CONDESB |
Estruturar sistema de
fiscalização |
Fortalecimento
jurídico-institucional e estrutura de RH |
Vontade política e recursos
financeiros |
União e municípios (CONDESB) |
Implantação do gerenciamento
costeiro |
Ação legal (decreto governamental) |
Vontade política e conflito
de interesses |
Governo Estadual |
Ações coordenadas contra
invasão de áreas |
Legislação específica |
|
Acidentes ambientais provocados por lançamento clandestino de contaminantes provenientes de embarcações e dutos |
|||
Proposta |
Meios e Condições |
Dificuldades |
Responsabilidade |
Levantamento do histórico
de eventos |
Consulta/pesquisa dos
regulamentos nos órgãos públicos pertinentes (CETESB, P. Amb., Capitania,
Conc. rodovias, etc.) |
Aglutinação das informações
(esparsas por vários órgãos) |
CETESB e Capitania dos
Portos |
Agendamento prévio para
abastecimento junto à autoridade portuária , para fiscalização |
Praticagem solicita quando
do ingresso no porto |
Insuficiência de recursos
humanos e materiais |
Capitania dos Portos |
Elaboração de plano de ação
de emergência para dutos |
Criação de grupo de
trabalho por empresas detentoras de dutos e poder público |
Falta de conhecimento
específico por parte dos atores envolvidos |
Grupo de trabalho |
Estruturação e capacitação
dos órgãos de fiscalização |
Formação de pessoal e
dotação de recursos materiais e humanos |
Sem dotação orçamentária
para tal |
Poder público |
Existência de um sistema de
divulgação dos telefones dos órgãos responsáveis |
Constar telefones de
emergência pintados nos dutos |
|
Grupo 3
Lançamento de esgotos por canais,
emissários e rios do estuário; Balneabilidade das praias |
|||
Proposta |
Meios e Condições |
Dificuldades |
Responsabilidade |
Intensificar o programa de
caça-esgoto |
Legislação vigente e
mapeamento |
Vontade política |
Prefeituras |
SABESP |
|||
Programa regional integrado
de tratamento de fontes poluidoras |
Unidades de tratamento,
reciclagem e compostag. de esgoto e lixo |
Vontade política |
Município, Estado, União e
iniciativa privada |
Implantação de projetos
ecovias fluviais |
Plano Diretor Regional de
Turismo |
Vontade política |
Estado, municípios e
iniciativa privada |
Progr. de consciência e
educ. ambiental sobre poluição de rios e praias |
Secretarias: Meio-Ambiente,
Educação e Saúde (Estado e municípios) |
Vontade política |
Estado, municípios e
iniciativa privada |
Matéria curricular obrigatória |
|||
Tratam. do esgoto nos
canais em 30% quando lançado ao mar |
Tratamento pelas ETE’s |
Vontade política |
Estado |
Esgoto e ág. pluviais dos
canais sejam previam. tratados em 30% antes de lançados ao mar |
|||
Fiscalizar e autuar ocorrências
de fontes poluidoras |
Fazer cumprir a legislação
vigente |
Vontade política |
Estado e municípios |
Ampliar o parque de
cultivos marinhos |
Parcerias entre Poder
público e iniciativa priv. |
Vontade política |
Universidades, S.M.A.,
Planejamento, Agricultura, Ciência e Tecnolog. e inic. privada |
Universidades |
3.3.- CONSIDERAÇÕES SOBRE O ANDAMENTO DAS ATIVIDADES
A oficina teve um desempenho satisfatório, apresentando o resultado mais produtivo entre as quatro realizadas. Muito contribuiu para este desempenho a qualidade das palestras que, ao apresentarem dados mais atualizados, favoreceram o desempenho dos grupos. O resultado final também revelou alguns fatos que merecem uma melhor avaliação para a elaboração do Plano de Bacia:
a) em primeiro lugar, o pequeno comparecimento de pessoas, uma vez que na média os eventos raramente ultrapassaram de trinta representantes;
b) em segundo, a pequena participação das prefeituras e de entidades da sociedade civil;
c) e, finalmente, sobre o conteúdo das abordagens e das propostas, que concentraram-se muito mais na região estuarina, onde estão localizados os Municípios de Santos, São Vicente, Cubatão e Guarujá.
Independentemente destas constatações que serão analisadas a seguir, os grupos tiveram um bom desempenho, tendo sido apresentadas contribuições muito importantes para o Plano de Bacia.
3.4.- ANÁLISE DO TRABALHO DESENVOLVIDO
A avaliação dos fatos apontados no item anterior, os dados e as conclusões do Relatório “0”, e as orientações contidas no plano de atividades para a execução das Oficinas de Trabalho, contém alguns elementos importantes para a definição estratégica do Plano de Bacia:
1. o pequeno comparecimento das prefeituras e de representantes de entidades da sociedade civil se deve a um conjunto de fatores que, certamente, deverão envolver esforços e empenho do Comitê de Bacia, no sentido de melhor conhecer as suas causas, de modo a aprimorar as orientações para a atuação cada vez mais eficiente da entidade. Entre estes fatores, destacam-se as localizações das Oficinas. Caso fossem mais descentralizadas, poderiam melhor contribuir para que as comunidades mais afastadas e afetadas pelas deficientes condições ambientais pudessem se envolver diretamente no processo de discussão;
2. a UGRH 7 se constitui numa região costeira cujas características físicas, atividades econômicas, demandas de recursos hídricos e processos de degradação, permitem a sua divisão em 3 compartimentos distintos:
- na porção central, uma extensa região estuarina, ocupada pelos Municípios de Santos, Cubatão, São Vicente e Guarujá, caracterizada por uma intensa ocupação humana, pela presença de um complexo industrial e por um porto marítimo de grandes proporções. A presença destas extensas áreas urbanizadas e suas atividades de elevado potencial poluidor, exercem uma forte pressão sobre os frágeis ecossistemas da região, em especial sobre a rede de canais estuarinos, associados a manguezais, os principais receptores de resíduos tóxicos e efluentes líquidos contaminados. Os poluentes industriais, os resíduos e esgotos do Porto de Santos e das cidades próximas à região estuarina, provocaram um quadro de intensa degradação ambiental, com reflexos sociais e na saúde pública, agravado por freqüentes acidentes de derramamentos de óleo e substâncias tóxicas;
- no extremo norte, a área ocupada pelo Município de Bertioga, onde são encontrados os ecossistemas relativamente mais preservados e que vêm sendo submetidos a processos de degradação, provocados por urbanização e, principalmente, por impactos causados por atividades turísticas;
- na porção centro-meridional, os terrenos ocupados pelos Municípios de Peruíbe, Itanhaém, Praia Grande e Mongaguá, muito mais afetados pelos impactos decorrentes de processos de urbanização descontrolada (desmatamento, movimentos de terra, efluentes domésticos e disposição inadequada de resíduos sólidos domésticos), originados fundamentalmente por uma economia apoiada no turismo;
3. em todas as atividades do Plano de Bacia sempre foi destacada a necessidade de estabelecimento de um processo contínuo de discussão com as comunidades, afim de que seus objetivos e as metas fossem definidos e acordados com base nos problemas existentes no conjunto da UGRH;
4. os dados históricos de contaminação na região estuarina e na Baía de Santos, acusaram um comprometimento do ambiente aquático em, praticamente, toda a região. As causas da degradação destes sistemas foram atribuídas à poluição de origem doméstica e industrial, responsável pela contaminação química e microbiológica, e por alterações físicas dos habitats resultantes de processos de erosão, assoreamento, implantação de aterros em canais e manguezais, e intervenções no sistema de drenagem;
5. as informações apresentadas nas palestras, apoiadas em estudos mais recentes, mostraram que de um modo geral, houve uma redução progressiva de poluentes industriais (metais pesados e carga orgânica), a partir de meados da década de oitenta, decorrente da implantação de sistemas de controle da poluição por parte da CETESB, aliado a uma modernização tecnológica, desativação de plantas industriais por obsolescência e aumento do nível de circulação da água utilizada no processo produtivo. Também ocorreu uma melhoria na balneabilidade das praias, possivelmente devido aos investimentos realizados nos sistemas de tratamento de esgotos domiciliares, ainda que muito deva ser feito para poder se atingir os padrões aceitáveis;
6. as contribuições do Grupo 1 (Ocupações irregulares na faixa da praia e uso de aterros e contenções), mostraram que estes problemas vêm se agravando nas últimas décadas, exigindo um diagnóstico mais detalhado, envolvendo especialmente as questões relacionadas a uma melhoria da gestão (articulações e integrações entre os órgãos responsáveis, melhorias nos sistemas de fiscalização e aprimoramento da legislação existente );
7. as propostas do Grupo 2 (Acidentes ambientais provocados por lançamento clandestino de contaminantes provenientes de embarcações e dutos) revelam que os maiores problemas do setor estão nas atividades operacionais e preventivas e especialmente na enorme carência de recursos, tanto humanos como materiais e financeiros;
8. as contribuições do Grupo 3 (Lançamento de esgotos por canais, emissários e rios do estuário; Balneabilidade das praias) expressam as próprias deficiências ainda existentes no conjunto dos Municípios da Baixada Santista, no sistema de coleta e tratamento de esgotos domésticos e industriais, não obstante os avanços que vêm ocorrendo nos últimos anos. Entendeu também o grupo que a viabilização das propostas elencadas não pode ficar restrita a empresa pública responsável pelo setor (SABESP), sendo necessário programas mais amplos, capazes de envolver todas as esferas de governo e entidades da sociedade civil.