PCHs –Pequenas Centrais Hidrelétricas
A nível nacional, o setor elétrico brasileiro sempre baseou o seu modelo de geração nos abundantes recursos hidráulicos do país. No presente, a reordenação da matriz energética nacional é orientada pela falta de recursos públicos para investimentos em grandes empreendimentos e preocupações com projetos que tenham impactos ambientais importantes.
Nesse contexto, as quedas d’água de pequeno e médio porte representam uma importante opção de geração. As Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH’s) surgem como uma alternativa viável, devido ao custo acessível, ao menor prazo de implementação e maturação do investimento, às facilidades oferecidas pela legislação e à disposição das concessionárias de energia elétrica de comprarem o excedente de energia gerada por autoprodutores, além de disponibilizarem o acesso às suas linhas de transmissão a longa distância. Além disso, as PCH’s tem outras vantagens intrínsecas como a atenuação dos eventuais efeitos negativos sócio-ambientais, que permitem, por exemplo, a não interferência no regime hidrológico do curso d’água.
Na Bacia Hidrográfica do Alto Paranapanema existem instaladas, atualmente, 13 usinas hidrelétricas tipo PCH. O quadro seguinte apresenta um detalhamento delas.
Quadro – PCHs na UGRHI 14
Fonte: ATLAS – Informações Básicas para Planejamento Ambiental – SMA 2002
Pesca, Recreação e Lazer
Um dos usos múltiplos proporcionados pela água é a sua utilização para a recreação e lazer. Através da implantação de usinas geradoras de energia elétrica localizadas ao longo de rios do Estado de São Paulo, foram criadas muitas áreas de atração para esportes náuticos, pesca e navegação, possibilitando o desenvolvimento e o aproveitamento das áreas marginais das represas.
Assim, a população dispõe de excelentes alternativas de recreação e lazer que, aproveitadas, criam pólos turísticos no interior e, conseqüentemente, trazem desenvolvimento e crescimento econômico para a região.
Turismo
A construção das quatro grandes barragens na Bacia Hidrográfica do Alto Paranapanema, representou fator de extrema importância no desenvolvimento da região.
Um dos setores mais favorecidos foi o de turismo, com a implantação de hotéis, fazenda-hotéis, clubes náuticos, campings, pousadas, condomínios, haras e inúmeros loteamentos, propiciou também a valorização das terras da região.
Por outro lado, esse incremento do turismo trouxe como consequência a destruição de cerrados e matas ciliares, a aceleração dos processos erosivos do solo, o assoreamento de cursos d’água das represas.
Desta forma passou-se a ter uma acelerada ocupação do solo nas margens das represas, aumentando a densidade populacional destas áreas gerando mais resíduos e esgotos, além de tráfego de automóveris, pois uma grande parte desses lotes se destinam a construções exclusivamente voltadas ao lazer, com ocupações esporádicas (finais de semana, férias, etc).
Pode-se afirmar que a pior consequência dessa especulação imobiliária consiste no risco da vegetação de cerrado, predominante na região, desaparecer por completo, caso não haja preocupação em reverter esse quadro, criando normas de ocupação e preservação.
Pesca
Quanto às atividades de pesca cabe salientar que o Rio Paranapanema encontra-se em condições consideravelmente boas, graças aos movimentos populares, os quais deram origem a AMVAP – Associação de Municípios em Defesa do Vale do Paranapanema, criada na década de 70.
Esse movimento teve grande importância na preservação da qualidade das águas do Rio Paranapanema, impedindo a instalação de industrias altamente poluidoras às margen do rio.
Hoje o Rio Paranapanema é um dos poucos rios não poluídos do Estado de São Paulo, porém a sua piscosidade, no trecho da UGRHI 14, está reduzida, apesar do grande esforço por parte das operadoras de energia da região em repovoar o rio Paranapanema com várias espécies de peixes. O que ocorre é que as barragens modificaram completamente o ecossistema, impedindo a subida dos cardumes na piracema, destruindo a habitat natural de várias espécies, como o dourado. No Paranapanema esse peixe era abundante antes da construção das barragens. Outros peixes, como piaparas, surubins, tabarans e piracanjubas também eram encontrados com bastante frequência.
Há duas barragens equipadas com escada de peixes. As duas localizam-se no município de Piraju: Usina Paranapanema e a Usina da CBA.
A pesca predatória no Paranapanema também existe, atualmente ela se concentra nos poucos trechos de corredeira que ainda restam, tarrafas, redes de malha miúda e outros tipos de armadilhas são usadas, principalmente logo abaixo das barragens, saltos e corredeiras, o que pela lei não é permitido.
Outro fato que também colabora para a diminuição dos cardumes, são as manobras realizadas pelas hidroelétricas para manutenção nos equipamentos das usinas, quando as comportas de fundo são fechadas, o nível das águas à jusante baixa repentinamente, deixando muitos peixes aprisionados nos poços, que acabam morrendo por falta de oxigênio.
Outro problema é o denso povoamento das represas por piranhas (pirambebas), devorador dos alevinos de outras espécies, reduzindo em muito estes a atingir a idade adulta.