Processos Erosivos nas Encostas

Os principais tipos de processos erosivos que ocorrem nas encostas são: Erosão por impacto da gota de chuva (splash), erosão laminar ou em lençol, erosão linear ou por fluxo concentrado. A erosão laminar ocorre através do escoamento superficial difuso da água da chuva. Quando o escoamento se concentra através de linhas de fluxo bem definidas, três tipos de feições lineares podem ser geradas: sulcos, ravinas e boçorocas. De acordo com a classificação do DAEE-IPT (1990), os sulcos constituem feições alongadas e rasas (inferiores a 50 cm); as ravinas são feições de maior porte, de profundidade variável, de forma alongada e não atingem o lençol de água subterrânea; as boçorocas tem dimensões superiores às ravinas e atingem o lençol de água subterrânea, havendo portanto processo de erosão subterrânea (piping).

A erosão por fluxo concentrado desenvolve-se em linhas de talvegue ou nos cursos de drenagem de primeira ordem, resultando no entalhamento vertical do terreno, no rebaixamento das vertentes laterais e no alargamento do vale da drenagem. Embora as boçorocas sejam a feição erosiva mais proeminente, o seu desenvolvimento é restrito e raramente ultrapassa 15% da área de uma bacia hidrográfica (Zachar, 1982).

A erosão laminar ocorre de maneira lenta e é de difícil mensuração, porém sempre se espalha sobre extensas áreas, chegando a recobrir cerca de dois terços ou mais das encostas, em uma bacia de drenagem, durante um pico de evento chuvoso (Horton, 1945). É considerada por muitos autores como o principal responsável pela maior produção de sedimento em uma bacia hidrográfica (Marques, 1950; Marques et al., 1961; Morgan, 1986; Stocking, 1987; Selby, 1993; Thomas, 1994) Outros autores (Mutcher & Young, 1977 apud Guerra, 1994; Morgan, 1986; Stocking, 1987 Braida & Cassol, 1996) sugerem ainda que, embora a maior parte dos sedimentos erodidos nas encostas de uma bacia hidrográfica possam ser transportados para os rios através de sulcos, ravinas e/ou boçorocas, esse sedimentos foram produzidos principalmente por erosão laminar.

A ocorrência de processos erosivos nas encostas é controlada basicamente por fatores naturais e antrópicos, a saber: erosividade da chuva; erodibilidade dos solos; natureza da cobertura vegetal; características das encostas; e tipos de uso e ocupação do solo.

A erosividade é a habilidade da chuva em causar erosão (Hudson, 1961). Está relacionada com o total de chuva, a sua intensidade, o momento e a energia cinética. Em climas tropicais, também são considerados importantes a variação sazonal e a ocorrência de eventos anômalos (Thomas, 1994).

A erodibilidade dos solos representa a suscetibilidade do solo em resistir aos processos erosivos (Morgan, 1986). Segundo esse autor, os fatores que afetam a erodibilidade são: textura, densidade aparente, porosidade, teor de matéria orgânica, teor e estabilidade dos agregados e pH do solo. A erodibilidade não é uma propriedade estática ao longo do tempo. As práticas agrícolas, por exemplo, produzem modificações importantes nas características dos solos, alterando a sua erodibilidade.

A cobertura vegetal é o fator de maior relevância na proteção dos solos, pois afeta a sua erosão de várias maneiras, a saber: através dos efeitos espaciais da cobertura vegetal, dos efeitos de energia cinética da chuva e do papel da vegetação na estabilidade dos agregados de solos (Guerra, 1994). A cobertura vegetal reduz as taxas de erosão do solo através de: proteção ao impacto da chuva, diminuição da água disponível ao escoamento superficial, decréscimo da velocidade de escoamento superficial e aumento da capacidade de infiltração de água no solo (Cooke & Doornkamp, 1990).

As características das encostas podem afetar a erodibilidade e dos solos de diferentes maneiras: por meio da declividade, do comprimento e da forma das encostas (Guerra, 1994). Esses fatores devem ser analisados em conjunto e associados a outras características do substrato, como a litologia, as descontinuidades geológicas e pedológicas e as propriedades dos solos.

Os tipos de uso e ocupação do solo são considerados pela maioria dos autores como responsáveis pelo desencadeamento e/ou a aceleração dos processos erosivos nas encostas. As práticas agrícolas e de manejo de solo inadequados provocam a intensificação dos processos erosivos, pela exposição, remobilização e desagregação dos solos, e a alteração do escoamento superficial. A urbanização impõe modificações sérias no sistema de drenagem superficial e subsuperficial, que aceleram os processos erosivos nas encostas e nos vales fluviais, através de desmatamentos, aterros, impermeabilização dos solo, canalizações que subestimam o potencial hidráulico das drenagens, e construção de estradas e de reservatórios.

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