1.3.1.- Histórico do Desenvolvimento da Região
A estruturação da região de Sorocaba, onde está inserida a unidade geográfica em análise, apresenta características oriundas dos primórdios da ocupação de seu território.
As cidades e regiões ao redor de Tatuí e Sorocaba (fora da bacia em estudo) e Itapetininga participaram ativamente do ciclo da cana no século XVII.
A região - Sorocaba em especial - começou a desenvolver as indústrias de couro, artefatos de metais e tecidos. Em seguida, no processo de avanço do café para o centro-oeste, a região teve, sobretudo, Itu e Sorocaba se consolidando como centros provisórios, proporcionando futuramente a instalação de indústrias tradicionais, permanecendo Itapetininga e Capão Bonito como lugares de passagem para o sul. "Na passagem do século, após se esgotar o ciclo tropeiro, Sorocaba contava com apenas seis engenhos de porte e algumas poucas fazendas de café, cujas produções lhe conferiam modesta posição no cenário estadual" (Zimmermann,1992:148).
No interior, o café propiciou o desenvolvimento de cidades grandes e médias, algumas delas importantes centros cafeicultores, cujo crescimento esteve ligado à expansão de suas atividades terciárias e/ou a substituição do café por outros produtos agrícolas em expansão no mercado.
A economia regional integra-se ao espaço econômico da capital desde 1875 pela Estrada de Ferro Sorocabana e a cidade de Sorocaba, favorecida pela construção de hidrelétricas na região, encontrou na indústria têxtil de sua produção algodoeira um novo caminho para o desenvolvimento. Contribuíram também importantes investimentos em infra-estrutura, como saneamento, iluminação pública, serviço de bondes e outros.
Ao final dos anos 20, a pecuária regional perdeu sua posição de destaque estadual e a área cultivada na região era inexpressiva. Em contrapartida, a indústria Sorocabana abrigava a segunda maior concentração operária do Estado. Ainda nessa década era expressivo o setor agro-industrial comandado pelo beneficiamento do algodão, seguido, em menor escala, pelo açúcar e álcool. Logo abaixo do algodão, seguiam os laticínios e frigoríficos, pois a região contava com 12% do rebanho leiteiro e de cortes.
Após a crise cafeeira de 1930, as manchas de café das sub-regiões de Sorocaba, Tatuí e Itapetininga cederam lugar à cana e ao algodão. Na mesma época, nas sub-regiões de Itapeva e Capão Bonito instalam-se a extração mineral e algumas culturas alimentares como o trigo e o reflorestamento. Essas duas atividades contribuíram para um processo de absorção e fixação de contingentes populacionais. A própria sub-região de Sorocaba absorveu parcelas significativas dos migrantes rurais em sua indústria já então bastante diversificada e nas atividades extrativas de seu subsolo.
Em 1940, apesar do ritmo de crescimento industrial, a região de Sorocaba foi superada pela de Campinas, melhor integrada às transformações urbanas e industriais da década de 30. "O censo de 1940 evidencia ainda o declínio da liderança do setor têxtil em Sorocaba, setor este com crescimento positivo, porém com menor intensidade relativa. No mesmo censo destaca-se a ascensão do setor extrativo mineral não-metálico, cuja exploração ocupava 50% dos trabalhadores do ramo no Estado. Nesse mesmo ano, o beneficiamento do algodão reduziu-se dos 52% do total estadual, em 1928, para pouco mais de 10%, conseqüência da expansão algodoeira no oeste paulista "(Zimmermann,1992:149 )".
Assim, na década de 30, a economia sorocabana, que havia recebido impactos bastante reduzidos do recém-findo ciclo cafeeiro, viu perder as oportunidades de suas regiões de expansão algodoeira; por outro lado, limitada pelas condições do solo e topografia, tirava proveito da expansão da cana-de-açúcar, ou das culturas intercalares do café e outras que o substituíram. As características agrícolas, existentes desde os anos 30, diversificaram-se em produtos alimentares e de menor valor de produção, economicamente menos dinâmicos e com poucos desdobramentos industriais. Entre os primeiros destacam-se o feijão, a cebola, a batata e o arroz; entre os desdobramentos industriais, têm-se o milho, o tomate e a uva.
O segmento dedicado ao gado de corte e leiteiro integrou-se ao processo de transformação industrial (laticínios notadamente, mas o seu tradicional plantel de asininos e muares foi decrescendo rapidamente, e em 1960 deixou de ocupar a liderança no Estado, passando ao 3º lugar).
A indústria sorocabana cresceu acompanhando a expansão do setor no Brasil e em São Paulo, nas décadas de 40, 50 e 60. Contudo o fez com taxas menores que a média estadual, como aponta Zimmermann: "Em 1940 com 12,6% dos trabalhadores paulistas não era mais o maior do interior; em 1950 tinha 6,3% e em 1960 pouco menos de 5%. O valor de sua produção industrial (10,4% do total estadual em 1928) com 5,5% em 1940, caiu para pouco menos de 4% em 1950 e apenas 3% em 1960" (op.cit).
Assim, no período entre 1940 e 1960, o crescimento econômico e urbano de Sorocaba e região foi positivo, porém com menor intensidade que o das outras regiões interioranas A região de Sorocaba, maior pólo industrial do interior paulista em termos de valor de produção, cedeu espaço para Campinas, em 1940, para Campinas e Ribeirão Preto, em 1950, e para Campinas, Ribeirão Preto e litoral, em 1956.
A região, que havia ficado à margem da expansão do café, agravou seu isolamento relativo no Estado ao não expandir, no mesmo ritmo que o restante do interior, a infra-estrutura energética, rodoviária e urbana. Nesse período, a agropecuária regional contida pela frágil ocupação econômica e pelas restrições de solo apontadas apresentou-se abaixo da média do Estado.
A partir de meados da década de 50, sob a égide do desenvolvimento e até o final dos anos 70, sob influência da nova dinâmica do período do "milagre econômico", a economia regional se diversifica amplamente. A indústria regional passa a produzir bens intermediários, de capital e de consumo duráveis e intensifica-se a participação de grupos locais na exploração mineral.
A região, do ponto de vista da dinâmica populacional, refletiu evidentemente os movimentos da agropecuária e da indústria. Assim, na década de 40, fruto da substituição do café pela pecuária e pelas pequenas propriedades de cultivo variado apresentou inexpressivas taxas de crescimento populacional (1,7% contra 4,4% do Estado) O êxodo rural foi, em parte, amortecido pela expansão urbana (a taxa de crescimento médio da população urbana, na década, foi de 32% para a região em geral, enquanto que as sub-regiões de Botucatu e Avaré registraram 16% e a de Tatuí, 29%).
O crescimento da população, nas décadas seguintes, esteve bem mais próximo da média do Estado. Na década de 50, a região de Sorocaba foi a única do entorno a não apresentar êxodo rural. Nos anos 60, foi a única no Estado a apresentar crescimento populacional rural positivo, em parte, por causa da ocupação dos campos das sub-regiões de Itapeva e Capão Bonito, e em parte, pela mecanização e quimificação do campo, segundo Zimmermann (1992).
Contudo, apesar da expansão industrial e do revigoramento da agropecuária nas décadas de 50 e 60, o crescimento populacional desse período não evitou a queda da participação da região no conjunto do Estado. A sub-região de Sorocaba que abrigava , em 1950, 35% do total da população regional, contava em 1970 com 42%, verificando-se a participação relativa de todas as outras sub-regiões, exceto Itapeva (a única a não perder peso populacional). Ainda como resultados dessas duas décadas registram-se a aceleração do crescimento urbano e o aumento das disparidades regionais urbano-rurais. As taxas de crescimento urbano foram, na década de 50, de 54% e 48% na de 60, 63% e 0,9% respectivamente, no meio rural (Zimmermann,1992).
Quanto à destacada liderança industrial, agropecuária e à fixação de população no início do século, a região de Sorocaba adentrou os anos 70 ocupando quinta, sexta e quarta posições respectivamente, entre as regiões administrativas do Estado. No entanto, apesar desse quadro geral, a agricultura regional nos anos 60 revigorou-se expressivamente, aumentando sua contribuição agrícola no Estado de 7,3% em 1949/1951, para 10,4% em 1969/1971. A indústria, apesar da queda no valor total da produção do Estado (de 5,5% em 1940 para 2,3% em 1970), desenvolveu-se e diversificou-se nos anos 60 (Zimmermann,1992). O resultado desses movimentos foi um crescente dinamismo demográfico, de maneira a apresentar, no período posterior à década de 60, taxas de crescimento populacional mais próximas à média estadual.
A agricultura regional no final dos anos 60 e início da década de 70 passa a suprir parcelas crescentes da produção paulista de alimentos pelo aumento de produtividade de várias de suas culturas, beneficiando-se dos preços em elevação. Destaca-se, com novas técnicas de cultivo e variedades mais produtivas, a cultura do feijão, especialmente na sub-região de Itararé. Da mesma forma, fatores semelhantes estimulam a produção de tomate, cebola, uva, milho e mandioca, cujas taxas de crescimento superaram a média nacional. No setor pecuário, a pastagem cultivada expandiu-se, compensando, em parte, a invasão dos produtos alimentares nas pastagens naturais. Assim, nos anos 70, a agricultura regional adquire uma dinâmica mais vigorosa, beneficiando-se do perfil estruturado e consubstanciado na década anterior; a produção, graças aos desdobramentos agroindustriais, integrou-se à rede de comercialização destinada em grande parte ao mercado consumidor metropolitano.
A agricultura regional, dessa forma, inseriu-se definitivamente na economia paulista, ganhando paulatinamente importante papel no abastecimento da Grande São Paulo. Complementarmente a esse papel, expande-se, no período, a produção de produtos exportáveis ou com desdobramentos agro-industriais, como a soja, cana-de-açúcar e cítricos em detrimento de culturas tradicionais como milho, arroz, mandioca e café.
A introdução da irrigação e a ampliação do uso de tratores permitiram ganhos de produtividade que de alguma maneira e em alguns casos compensaram a perda quantitativa da área de produção. Como conseqüência desse processo, nessa década, em termos de produção agrícola, a região de Sorocaba salta da sexta posição para a quarta entre as Divisões de Regiões Agrícolas (DIRA) do Estado (a DIRA de Sorocaba coincide praticamente com a RA de Sorocaba), obtendo taxas de crescimento superadas apenas pelas de Ribeirão Preto.
A indústria da região, como a agricultura, aumentou seu grau de interdependência com a área metropolitana, aprofundando igualmente as tendências delineadas no decênio anterior. Por outro lado, as indústrias metropolitanas, assim como os novos investimentos (estimulados pelos governos federal e estadual), buscam no interior condições mais propícias à expansão e/ou implantação. Além dos incentivos à instalação industrial fora dos grandes centros, o governo federal estimulou, na região, a extração mineral (Itapeva possui na região enorme potencial) e também o reflorestamento, a ponto de transformar as sub-áreas de Capão Bonito e Itapeva, mercê dos investimentos efetuados, em expressivo parque da indústria madeireira. No âmbito estadual, a melhoria da infra-estrutura viária e de transportes foi importante a rodovia Castelo Branco, interligações com as regiões de Piracicaba e Campinas, internamente à região, a repavimentação da SP-270 (Raposo Tavares) e estímulos ao transportes de carga sobre os trilhos da Fepasa na região Sorocabana.
O parque industrial regional apresentou a expansão do setor de bens intermediários, que assume a liderança, sobressaindo-se o segmento de minerais não-metálicos.
As principais alterações regionais, tendo em vista os valores de transformação industrial, são assim resumidas por Zimmermann:
· o setor de bens intermediários, cujo VIT somava 46% do total regional em 1970, passou para 51%; o de bens de capital e de consumo durável triplicou sua contribuição no período, passando a responder por 23%;
· a indústria do vestuário foi a que mais se expandiu entre as produtoras de bens não-duráveis, enquanto suas parceiras de setor (têxtil e alimentos), apesar do expressivo crescimento, perdiam participação no agregado regional do VTI;
· na produção de bens intermediários, a química, pouco expressiva no início da década, quintuplicou sua contribuição ao VTI regional, e a metalurgia expandiu-se a taxas pouco superiores à média da indústria Sorocabana;
· no setor produtor de bens de capital, o crescimento do VTI foi liderado pela expansão mecânica (cujo peso no VTI regional passou de 2,8% em 1970, para 11,1% em 1980) secundado pela de material elétrico" (Zimmermann,1992:155).
A região começou, então, a receber investimentos oriundos do exterior e da metrópole que propiciaram estímulos à modernização tecnológica das indústrias existentes.
A região em geral, mas principalmente a sub-região de Sorocaba, transformou-se em pólo de atração de população, com a contínua desconcentração industrial e as novas atividades extrativas na sub-região de Capão Bonito. Como conseqüência desse conjunto de mudanças econômicas, foi nessa década que, pela primeira vez nos últimos 40 anos, a população urbana regional cresceu acima da média estadual, houve estancamento da emigração rural e, apesar do decréscimo da população rural, a intensidade do decréscimo foi a menor de todas as regiões administrativas do Estado. Para tanto contribuíram para a expansão das culturas de tomate, batata, cebola e o cultivo de frutas de clima temperado como uva, pêssego e maçãs (cultivadas com uso de mão-de-obra familiar, em pequenas propriedades). Assim, a emigração, em geral provocada pelo avanço da pecuária, do reflorestamento e da irrigação do café foi contrabalançada pela retenção de população nas novas áreas de cultivo, e também, em parte, pelo desenvolvimento da economia urbana.
No quadro intra-regional, essa dinâmica sócio-econômica se traduziu em concentração populacional na sub-região de Sorocaba em detrimento das demais, inclusive Itapeva (que vinha acomodando, desde 1940, contigentes regionais) e com exceção de Capão Bonito, que manteve sua participação inalterada em função da atividade minerária e fracionamento da propriedade agrícola.
A década de 80 apresentou fases recessivas, sucedidas por curtos períodos de aceleração. Assim, de acordo com Zimmermann (1992:156), "entre 1980 e 1987 o Estado de São Paulo contou com apenas 0,4% do crescimento industrial ao ano, taxa inferior à nacional, que ficou em 0,7%, sendo que a região metropolitana contou com decréscimo industrial de 0,6% ao ano, enquanto o interior expandiu-se 2,2% em termos anuais médios".
A indústria da região apresentou expansão superior à média do Estado e próxima às regiões de Campinas (2.6% a.a.) e do Vale do Paraíba, contudo bem inferiores às das regiões mais distantes da capital como Araçatuba (8.3% a.a.), São José do Rio Preto (6.7% a.a.) e Ribeirão Preto (5,1% a.a.).
No interior mais longínquo, a integração agro-industrial comandou o crescimento econômico, enquanto no entorno metropolitano (onde inclui-se Sorocaba) a industrialização foi marcada pela produção de bens intermediários, bens de capital e bens de consumo duráveis. Assim, a expansão industrial na região se deu nos mesmos moldes dos anos 70; apesar de contar com menos estímulos fiscais federais e estaduais, o processo de desconcentração industrial prosseguiu. A permanência de investimentos e melhorias na malha rodoviária regional não produziam o mesmo efeito de atração dos anos 70. O processo de descentralização e interiorização do desenvolvimento adquiriu força própria, devido, em parte, ao esgotamento das condições de rentabilidade do capital industrial na área metropolitana e, em parte, pela energia interna adquirida pelos processos industriais no interior do Estado.
A agricultura regional também registrou, nos anos 80, dinamismo inferior à década anterior, sem contudo reduzir o processo de transformação iniciado na área rural. A região de Sorocaba apresentou, a exemplo da década anterior, elevados índices de substituição de culturas. De acordo com Zimmermann (1992), área total remanejada no período de 1979/1981 a 1987/1989 (286 mil ha.) correspondia a 14% da área regional cultivada. O feijão e a soja registraram reduções importantes: o primeiro à taxa de 0,86% ao ano e a segunda teve reduzida à metade da área expandida anteriormente. Assim como nos anos 70, as áreas de trigo, cítricos, cana-de-açúcar e de pastagem cultivada se expandiram na década, pelo efeito do remanejamento. Reduções em ambas as décadas ocorreram com as pastagem naturais e o café. Por outro lado, as culturas do milho e da mandioca, após retração na década de 70, voltaram a expandir-se nos anos 80, enquanto o algodão, milho, feijão e soja, como visto, perderam significativas áreas de cultivo. A crescente introdução tecnológica (irrigação, tratores, etc.) na agricultura da região propiciou ganhos de produtividade nas lavouras de arroz, cebola e café, compensando a redução das áreas de plantio.
A pecuária regional apresentou também transformações significativas, sobretudo os reflexos da intensa substituição das pastagens naturais por cultivadas na parte da área e recria do rebanho.
A região de Sorocaba contava, em 1980, com cerca de 1,5 milhão de habitantes, o terceiro maior contingente do interior paulista. Sua taxa de crescimento urbano superou, pela primeira vez em 40 anos, a média estadual e também, pela primeira vez, a população rural decresceu em termos absolutos, porém a uma taxa expressivamente menor que a média estadual.
A enorme concentração industrial no município-sede conferiu-lhe forte poder de atração sobre as populações das demais sub-regiões. A região passou a ser receptora de população, sem destaque, contudo, no contexto do Estado. O fluxo migratório absorvido foi equivalente ao das regiões menos industrializadas do Estado, e composto, em sua maioria, por paranaenses (cerca de 70%) - Zimmermann (1992) - provavelmente oriundos das regiões do Paraná interligadas a Sorocaba, via Capão Bonito, e atraídos pela crescente atividade industrial na região.
Nos anos 80, a taxa de crescimento industrial da região situou-se , entre as mais intensas do Estado, seu processo de transformação do campo manteve, grosso modo, mesma tendência da década de 70, e, em conseqüência, a região se consolidou como receptora de mão-de-obra, e intra-regionalmente, a sub-região mais importante, a de Sorocaba, responsável em grande parte pela absorção da população rural expulsa pelas transformações sofridas pelo campo.
Essa região, no contexto estadual e no aspecto mais geral de sua organização espacial, permanecia até recentemente (década de 70) marginalizada do processo de industrialização paulista. A partir da década de 80 (apesar dos momentos recessivos), essa área foi cada vez mais integrada às demandas espaciais da expansão capitalista no Estado de São Paulo.
A entrada recente de grandes números de indústrias ao redor de Itapetininga, às margens da Raposo Tavares, sinaliza essa tendência, embora suponha-se que as características concentradoras do capital contribua para manter, no plano intra-regional da unidade, as disparidades e equilíbrios ao procurar especialização e especializar a função econômica exercida pelas sub-regiões.
A Rede Urbana Regional
Aspectos Históricos
A urbanização do sudoeste paulista teve início no século XVII, quando, em função do povoamento do planalto, foram fundadas as cidades de Itu (1657) e Sorocaba (1661), esta última a porta de entrada da região em estudo. Assim, ao longo do "caminho das tropas de muares", que vinham do Sul, surgiram Itapeva (1769) e Itapetininga (1790).
Até o século XVIII, o povoamento regional se dá essencialmente em função de ser área de passagem, pela via "natural" representada pelo compartimento Depressão Periférica. Somente a partir do século XIX, a ocupação da área foi mais evidente, em função da organização de seu próprio espaço interno, da seguinte maneira:
a) áreas de cultura da cana, parcialmente café (no século XIX) e mais tarde algodão (no século XX) predominaram na atual sub-região de Sorocaba, avançando até Itapetininga;
b) na parte mais ao norte (sub-região de Avaré, parcialmente), o povoamento deveu-se à trajetória do café para oeste, funcionando a área como porta de entrada para a mesma. Nessa sub-região instalou-se depois a pecuária;
c) em áreas ao longo dos tradicionais caminhos e eixos viários posteriores (estradas e ferrovias) ligando Itapetininga a Itapeva e Itararé ao sul do Paraná, desenvolveram-se inicialmente áreas de cultura alimentar, pequena pecuária e (desde já) alguma mineração.
A diversificada ocupação econômica regional corresponde, em termos de urbanização, ao aparecimento e crescimento de núcleos e cidades, obviamente com características diversas.
A sub-região de Sorocaba (na "entrada" da bacia), em função do rápido crescimento econômico, reforçado, a partir da metade do século XIX, pela industrialização, se urbaniza intensamente com refluxos até a sub-região de Itapetininga.
Na porção central (sub-região de Itapetininga) e ao Sul (em Itapeva) verificou-se certo crescimento urbano, muito mais em função do êxodo das áreas rurais, do que por um fortalecimento econômico dos núcleos que atravessaram.