1.7.- RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEOS

Conforme foi detalhadamente colocado no Relatório "0", a qualidade das águas superficiais na UGRHI 14 era acompanhada pela CETESB em três Pontos de Amostragem. Atualmente, são quatro os Pontos de Amostragem da UGRHI, adiante identificados:

UGRHI 14 – ALTO PARANAPANEMA

Corpo d’água

Ponto de amostragem

Localização

Rio Pararanapanema

PARP 02 100

Ponte na rodovia que liga Campina do Monte Alegre a Buri.

Rio Taquari

TAQR 02 400

Ponte na rodovia que liga Itapeva a Itararé.

Rio Itararé

ITAR 02 500

Ponte na variante da rodovia que liga Itaporanga a Santana do Itararé (PR).

Res. Jurumirim

JURU 02 500 (*)

Ponte na rodovia SP-255, no trecho que liga Avaré a Itaí

(*) Em 2001 foi incluído um ponto de amostragem no Reservatório Jurumirim, na ponte na rodovia SP-255, no trecho que liga Avaré a Itaí, a fim de se obter um diagnóstico das águas deste reservatório, tendo em vista os múltiplos usos de suas águas, além da presença de fontes de poluição existentes em sua bacia de drenagem.

Embora seja ainda um número insuficiente de Pontos de Amostragem para o adequado controle da qualidade da água nos rios da Bacia, as medições efetuadas revelaram uma situação indesejável quanto ao estado sanitário.

Ao analisarmos o IQA (Índice de Qualidade das Águas) no período que compreende os anos de 1997, 1998 e 2001, observa-se que a qualidade tem sido classificada como boa, conforme mostra o quadro abaixo.

Pontos de
Amostragem

Valores médios anuais do IQA

1997

1998

2001

PARP 02 100

63,67

70,17

66

TAQR 02 400

53,83

56,33

57

ITAR 02 500

57,67

68,67

65

JURU 02 500

-

-

88

Entretanto, alguns elementos que comprovam o lançamento de esgotos nos corpos d'água, tiveram seus índices freqüentemente fora dos padrões CONAMA estabelecidos para a Classe do rio. O quadro a seguir apresenta o número de desconformidades registradas, em comparação com o número de medições efetuadas, para os elementos: Oxigênio Dissolvido, Coliformes-Fecais e Fosfato Total.

Ponto de Amostragem: PARP 02 100

Elemento

1996

1997

2001

Oxigênio Dissolvido

0/6

0/6

0/6

Coli-Fecal

3/6

3/6

2/6

Fosfato Total

5/6

5/6

6/6

Ponto de Amostragem: TARQ 02 400
Elemento

1996

1997

2001

Oxigênio Dissolvido

0/6

0/6

0/6

Coli-Fecal

5/6

5/6

5/6

Fosfato Total

6/6

6/6

6/6

Ponto de Amostragem: ITAR 02 500
Elemento

1996

1997

2001

Oxigênio Dissolvido

0/6

0/6

0/6

Coli-Fecal

4/6

2/6

4/6

Fosfato Total

3/6

6/6

6/6

Ponto de Amostragem: JURU 02 500
Elemento

1996

1997

2001

Oxigênio Dissolvido

-

-

0/6

Coli-Fecal

-

-

0/4

Fosfato Total

-

-

3/3

Nos quatro Pontos de Amostragem a situação é semelhante quanto aos níveis de Oxigênio Dissolvido. Os demais parâmetros têm desviado freqüentemente dos padrões estabelecidos para a Classe 2 do rio.

Dada a insuficiência de Pontos de Amostragem no território da UGRHI, não estão disponibilizadas informações sobre os demais rios. É óbvia, porém, a conclusão relativa a esses rios, em especial os que recebem diretamente os esgotos não tratados, provenientes das maiores cidades da região, como:

cidade

corpo receptor

  Itapetininga

        Córr. Cavalo e Carrito

  Itapeva

        Córr. Aranha/Rib. Pilão D'Água

  Itararé

        Córr. da Pedra

  Piraju

        Rio Paranapanema

Logicamente, com o crescimento populacional estimado para a região, a situação tende a agravar-se, exigindo urgente intervenção, principalmente se for desejável manter as classes oficiais estabelecidas para esses corpos d'água.

Quanto às águas subterrâneas constata-se que a qualidade, de uma forma geral, é muito boa, prestando-se aos mais diversos usos, principalmente pelo fato de existir uma grande disponibilidade do líquido, pois menos de 8% do potencial aqüífero é utilizado.

Torna-se indispensável a manutenção dessa situação favorável, implantando-se instrumentos eficientes de controle do uso dos aqüíferos subterrâneos.

A qualidade das águas, tanto superficiais como subterrâneas, pode também ser comprometida pelo uso indiscriminado de defensivos e fertilizantes agrícolas, comumente chamados de agrotóxicos.

Segundo estatísticas elaboradas pelo Instituto de Economia Agrícola, a Bacia do Alto Paranapanema apresentava como principais culturas a cana-de-açúcar, pastagens, milho, laranja e soja.

As culturas de cana e pastagem demandam algumas poucas aplicações anuais de inseticidas, herbicidas e defensivos biológicos, enquanto que a cultura da laranja exige aplicações bem mais intensas de inseticidas, fungicidas, herbicidas e acaricidas. A cultura da soja, também importante na UGRHI, recebe anualmente aplicações de inseticidas, fungicidas, herbicidas e defensivos biológicos.

O Relatório "0" recomenda a necessidade de atenção especial para o controle do uso de agrotóxicos nas sub-bacias do Rio Verde, Rio Paranapanema Inferior, Tio Taquari e Alto Taquari.

Quanto à demanda e disponibilidade dos recursos hídricos superficiais, o cenário futuro, estimado a partir das informações do Relatório "0", não é preocupante. A UGRHI apresenta disponibilidade satisfatória, com contribuições unitárias médias de longo período da ordem de 9,6 l/s/km2.

As limitações mais agudas estão relacionadas às disponibilidades mínimas, tomando-se por referência a vazão mínima de sete dias para dez anos de retorno, Q7,10.

O quadro abaixo identifica as demandas por volta do ano de 1998. Nele destacam-se os pesos dos consumos na irrigação e nas indústrias, representando 92,5% da demanda total.

UGRHI 14 - Demanda hídrica em m3/s

Doméstica

Industrial

Irrigação

Aqüicultura

Outros

Total

1,51

2,01

1,46

0,62

0,04

5,64

26,75%

35,57%

25,85%

11,06%

0,77%

100%

Considerando a disponibilidade mínima estimada de 74,83 m3/s, chega-se a uma relação demanda/disponibilidade de 7,54%, valor que coloca a UGRHI em situação favorável.

As maiores demanda/disponibilidade mais altas localizam-se nas sub-bacias do Alto Taquari e Baixo Itapetininga, conforme mostra o quadro a seguir.

Sub-bacias menos favoráveis quanto à disponibilidade
Sub-bacia

Demanda (m3/s)

Q7,10 (m3/s)

dem./disp. (%)

Alto Taquari

1,96

8,72

22,46

Baixo Itapetininga

1,09

3,57

30,56

Com o inevitável incremento da demanda nos próximos anos, que poderá superar 10 m3/s nos próximos 20 anos, fica clara a necessidade de implantação de medidas mitigadoras do problema, tais como: educação ambiental mais eficiente, controle de perdas e desperdício de água, racionalização drástica das práticas agrícolas e do uso da água na irrigação, além da busca de tecnologias mais adequadas de emprego da água nos processos industriais, principalmente nos Municípios localizados nas sub-bacias mais críticas.

No tocante às águas subterrâneas, os critérios desenvolvidos no Relatório "0" permitiram avaliar o grau de comprometimento da disponibilidade hídricos dos aqüíferos subterrâneos da UGRHI 14. Para um potencial estimado em 12 m3/s, a vazão explotada pelos poços, em 1997, era da ordem de 0,3 m3/s, representando um índice de utilização inferior a 5% do recurso disponível.

Desta forma, face às características hidrogeológicas bastante privilegiadas e do aproveitamento ainda pouco significativo do aqüífero na Bacia, é possível considerar sua disponibilidade potencial como apta ao atendimento de demandas de água para os mais diversos usos, que venham a ser impostas nas próximas décadas.

 

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