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ANA lança estudo sobre estimativa de evapotranspiração real no Brasil

31/01/2020 - Categoria: Informes

A agricultura irrigada impõe desafios para a gestão de recursos hídricos, pois é o maior setor usuário de água, com 66,3% do consumo da água no País, e o mais dinâmico tanto no Brasil quanto no restante do mundo. Sabendo disso, a Agência Nacional de Águas (ANA) lançou nete mês, o inédito estudo Estimativas de Evapotranspiração Real por Sensoriamento Remoto no Brasil. Esse trabalho faz parte do conjunto de ações de atualização do Atlas Irrigação: Uso da Água na Agricultura Irrigada, cuja segunda edição será lançada em 2020.

A evapotranspiração é a soma da evaporação da água pela superfície de solo mais a transpiração de plantas, transferindo a água para a atmosfera no estado de vapor, sendo parte do ciclo hidrológico. Cerca de 75% da água retorna para a atmosfera via evapotranspiração no Brasil, enfatizando sua importância no ciclo hidrológico. Fatores como o clima, o tipo de solo, o uso da terra e o manejo da água influenciam diretamente na evapotranspiração. No entanto, devido ao estado gasoso da água, é difícil estimar e até mesmo medir a evapotranspiração em campo. 

Além da publicação do novo estudo, a ANA disponibilizará para a sociedade as estimativas de evapotranspiração para qualquer ponto do território brasileiro por meio do aplicativo SSEBop BR, que pode ser acessado por meio do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos (SNIRH). Os dados têm processamento em nuvem na internet. As estimativas podem ser realizadas de 1984 até o presente, para qualquer ponto, de acordo com a disponibilidade de imagens dos satélites Landsat 5, 7 e 8. 

O modelo SSEBop é utilizado desde 2015 pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), referência mundial, em estimativas de uso da água pela irrigação em território estadunidense. Para o Brasil, a ANA adaptou o SSEBop para estimativas de uso da água em bacias hidrográficas com grandes áreas irrigadas e com especial importância para a gestão de recursos hídricos. Por meio do modelo, é possível estimar o volume de água evapotranspirado. 

No estudo são apresentadas aplicações do modelo em comparação com outras estimativas e com dados medidos em campo, concluindo que o SSEBop BR é capaz de retratar a variabilidade da evapotranspiração real no território e ao longo do tempo. Além disso, o modelo foi capaz de retratar as principais tendências de consumo de água pela irrigação e a grande variabilidade de manejo do uso da água em pivôs centrais, com valores estimados aderentes aos valores de campo. 

Além de aplicações na identificação de áreas irrigadas e no cálculo do uso da água associado a essas áreas, as estimativas de evapotranspiração do modelo SSEBop BR podem ser utilizadas para solucionar o balanço hídrico, que avalia a relação oferta entre oferta e demanda por água em bacias hidrográficas; no monitoramento de estiagens; e no manejo agrícola de sequeiro, onde os cultivos dependem somente das chuvas. 

Segundo Gabriel Senay, cientista do Serviço Geológico dos Estados Unidos, o SSEBop BR é o aplicativo mais avançado do mundo para este tipo de estimativa de evapotranspiração e seu desenvolvimento só foi possível devido à parceria entre ANA e USGS. Senay também aponta a importância de dados de satélite para estimar os usos da água num país de dimensões continentais, como o Brasil. “Dados de satélite são muito úteis se você quer mapear o uso da água num país tão grande como o Brasil. Somente dados de satélite podem cobrir um território imenso”, afirmou o cientista do USGS. 

Ainda quanto à gestão de recursos hídricos, os dados detalhados obtidos com base no modelo subsidiam tomadas de decisão para compatibilizar os usos múltiplos da água e para as estimativas de riscos dos setores usuários. Com isso, a ferramenta SSEBop BR pode contribuir, em última instância, para a segurança hídrica da atividade produtiva e dos demais usos.