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Refugiados instalam pias para frear disseminação da COVID-19 na República Democrática do Congo

09/07/2020 - Categoria: Informes

Uma iniciativa orientada pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) está ajudando refugiados na República Democrática do Congo a instalar dispositivos de lavagem de mãos artesanais para combater a COVID-19 no país.

Desde que o primeiro caso foi confirmado no país, em março, o ACNUR adotou medidas para impedir que o vírus se espalhasse entre refugiados, deslocados internos e comunidades que os acolhem.

Até o momento, mais de 300 torneiras foram instaladas nos assentamentos e 200 refugiados foram treinados para produzi-las.

Uma vasilha de plástico cheia de água repousa confortavelmente entre os troncos de uma pequena árvore em frente ao abrigo da refugiada Ferida, no assentamento de Bele, na cidade de Haut Uele, na República Democrática do Congo (RDC). A refugiada sul-sudanesa tapou um pequeno buraco no fundo do plástico com um galho, que ela retira sempre que precisa lavar as mãos.

“Dessa forma, meus filhos podem lavar as mãos a qualquer momento e também qualquer pessoa que visite minha casa”, explicou Ferida. “Também é uma maneira de lembrar aos meus vizinhos que façam o mesmo”.

Desde que o primeiro caso de coronavírus foi confirmado na RDC, em março de 2020, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), adotou medidas para impedir que o vírus se espalhe entre os refugiados, os deslocados internos e as comunidades que os acolhem.

Essas medidas incluem aumentar a conscientização sobre os riscos da doença e fortalecer as práticas de higiene por meio de anúncios no rádio e visitas de porta em porta feitas pelos funcinários do ACNUR que trabalham nas comunidades.

Mais de 254 mil pessoas foram pessoalmente impactadas através de atividades de conscientização. Aproximadamente 3,3 milhões de ouvintes escutaram mensagens via rádio. Mais de 73 mil pessoas também receberam sabão e quase 2.500 estações de lavagem de mãos foram instaladas em onze assentamentos de refugiados e em cinco cidades atingidas por deslocamentos internos.

Em parceria com a Associação para o Desenvolvimento Econômico e Social (ADES), o ACNUR também capacitou refugiados do Sudão do Sul em assentamentos de Bele e Meri sobre como fazer suas próprias torneiras, usando materiais reciclados como pedaços de madeira, recipientes velhos, cordas e cabos.

As torneiras improvisadas são alternativas eficazes e simples para lavar as mãos. A construção geralmente precisa apenas de um pedaço de madeira projetado como um pedal para jogar água de um recipiente para as mãos. Isso permite que os usuários lavem as mãos sem tocar no recipiente. As torneiras podem ser feitas de várias formas, dependendo da criatividade do criador e dos recursos disponíveis.

“Decidi fazer uma torneira improvisada para salvar a mim e à minha família”, diz Chris Bida, refugiado do Sudão do Sul e secretário do Comitê de Refugiados de Bele. “Qualquer um pode fazer uma torneira. É muito simples de fazer e você não precisa gastar nada”.

Chris fez sua torneira pendurando uma vasilha em uma vara de madeira e instalando um pedal que lhe permite inclinar o plástico até a água fluir.

O acesso aos cuidados de saúde é particularmente difícil para as comunidades deslocadas, como os refugiados.

O chefe de gabinete do ACNUR no nordeste da província de Ituri, Koffi Dodzi Adossi, explicou que muitos refugiados não podem arcar com os custos de tratamentos ou remédios sem a assistência do ACNUR. “Eles também moram em lugares afastados, onde é difícil acessar os serviços de saúde”.

Disponível a todos, os pontos de água foram bem construídos e reforçados, com marcações no chão que garantem o distanciamento social enquanto as pessoas coletam água.

“Há um ponto de lavagem bem na frente da minha casa onde eu posso lavar as mãos”, diz Regina, mãe de dois filhos que vive no assentamento de Bele. “Ajudo reabastecendo-o com água quando necessário”.

Com a ameaça adicional do coronavírus, o ACNUR tem o objetivo de garantir que todas as famílias refugiadas tenham seu próprio equipamento de lavagem das mãos, mesmo com recursos limitados. Esse esforço é crucial para atender às imensas necessidades de mais de meio milhão de refugiados e cinco milhões de pessoas deslocadas internamente no país.

No dia 9 de junho, o ACNUR havia recebido apenas 33% dos US$ 745 milhões (aproximadamente 3,763 bilhões de reais) necessários globalmente para enfrentar e impedir adequadamente a propagação do vírus.

Até o momento, mais de 300 torneiras foram instaladas nos assentamentos de refugiados e 200 refugiados foram treinados para fazê-las.

Juma e sua esposa fizeram sua própria torneira e a colocaram na frente da porta.

“O treinamento que recebi foi muito prático, quase uma demonstração”, explica Juma, que vive em Bele. “Eu encorajo outras pessoas a fazerem as suas próprias torneiras também porque são fáceis de fazer e não há necessidade de comprar nenhuma ferramenta”.